sexta-feira, 12 de maio de 2023
quinta-feira, 11 de maio de 2023
quarta-feira, 10 de maio de 2023
Estrelas do teu olhar
Nos teus olhos,
Meu amor,
Dançam todas as estrelas
do Universo,
Nas tuas mãos,
Nas tuas mãos, meu amor,
Nas tuas mãos brincam
todas as crianças do planeta Terra…
E nos teus lábios…
Nos teus lábios navegam
os mais lindos barcos do Oceano.
Cada palavra, um beijo,
Encantada maçã do Éden,
Pequeno silêncio,
E mesmo assim, meu amor,
E mesmo assim as árvores
tombam com a solidão,
Nos teus olhos,
Meu amor,
Dançam todas as estrelas
do Universo,
Dos teus olhos,
Meu amor,
Recebo todas as palavras
que te escrevo…
E com elas,
Construo poemas,
Poemas, meu amor…
Alijó, 10/05/2023
Francisco Luís Fontinha
terça-feira, 9 de maio de 2023
A montanha
(pintura em curso: 60cm x
80cm. Acrílico s/tela – Francisco Luís Fontinha – Alijó)
O que é o amor,
Meu amor!
Como é meu amor,
O amor,
Do nosso amor.
O amor,
Meu amor,
É uma coisa estranha,
Que se gosta,
Que se ama…
O amor nasce,
O amor cresce,
Mas,
Meu amor,
Mas será que o amor,
morre?
Não, claro que não.
O amor,
Meu amor,
O amor,
Do nosso amor,
Umas vezes com vento,
Outras vezes em flor…
Mas, meu amor,
O amor também é tempestade,
Também é saudade,
Dos que partiram,
Ou daqueles que não
regressarão mais…
Como o poeta dos ventos,
Que sobe à montanha mais
alta,
Grita…
Amo-te meu amor!
Alijó, 09/05/2023
Francisco Luís Fontinha
O livro da insónia
O que resta de mim,
Um amontoado de ossos,
Sem nome,
Pedaços de nada,
O que resta de mim,
Depois de tantas tempestades,
Silêncios…
E mares;
Alguns, navegados.
O que resta de mim,
Depois que o silêncio se
travestiu de mendigo,
Quando neste pequeno
papel,
Escrevo-te aquilo que
poderia ser uma carta de despedida…
Mas não me despeço
E vou andar por aí…
O que resta deste corpo
em constante baloiço,
O que resta de mim,
Depois de o vento levar o
meu cabelo,
As mãos com que afago o
teu cabelo,
E os meus lábios…
Com que desenho nos teus
lábios,
O beijo.
O que resta deste miúdo,
Que transportava uns simples
calções
E umas sandálias em couro…
O que resta de mim,
O que resta de mim…
Um amontoado de ossos,
Sem nome,
Pedaços de nada,
E algumas palavras…
O que resta de mim
E da minha terra,
Onde o sangue jorra por
entre o capim,
O que resta de mim
E da minha terra,
Quando a chuva cai…
E aquele cheiro
inconfundível se ergue até ao céu,
O que resta de mim,
Poema do meu peito,
Palavra que respiro…
E em cada final de dia,
Vomito a solidão das
noites aprisionado,
O que resta deste louco
poeta,
O que resta de mim,
Deste pobre pintor…
O que resta de mim,
Quando Deus…
Não quer que reste nada.
Alijó, 09/05/2023
Francisco Luís Fontinha
Liberdade
(aos meus pais e ao meu grande amigo Doutor Luís Castelo Branco)
Regressava a casa
Travestido de farrapos,
E havia sempre quem me
procurava,
E havia sempre quem me
levantava
Do pavimento térreo da
miséria.
Cansei-me de ser um
farrapo,
Cansei-me das noites em
voos livres em direcção ao nada…
Vesti a minha melhor
roupa…
Ergui-me do chão
Acreditando que um dia,
Qualquer dia,
Poderia ser livre,
Hoje não sou farrapo,
Hoje já não tenho quem me
procurava
E me levantava do chão…
(a minha mãe)
Mas hoje, tenho a
liberdade,
Hoje regresso a casa de
sorriso nos lábios,
Hoje não procuro os
esconderijos da noite,
Hoje, meu Deus…
Hoje sou aquilo que em
nove de Maio de mil novecentos e noventa e quatro… não acreditava ser.
Bragança, 9/05/2023
Francisco Luís Fontinha
segunda-feira, 8 de maio de 2023
Esconderijo
Escondo-me na tua mão de oiro amanhecer,
Enquanto lá fora, uma
pequena réstia de sono foge de mim.
Procuro nos teus lábios o
teu doce olhar,
Sabendo que a chuva
brevemente poisará no teu cabelo.
Escondo-me na tua mão…
Ao primeiro beijo da manhã,
Quando o Deus criador
liga o interruptor da paixão,
E eu, olho-te
incessantemente no espelho da madrugada,
Do silêncio que me
abraça, ao silêncio que me deseja…
O meu esconderijo.
Escrevo-te enquanto ainda
tenho forças para o fazer,
Não porque esteja
cansado, ou doente, ou coisa alguma…
Mas vou-te escrevendo parvoíces,
Vou pincelando numa tela
fria e nua…
Outras tantas parvoíces;
Diria que sou um parvo,
Um parvo que escreve parvoíces,
Um pequeno parvo que
pincela numa tela fria e nua…
Parvoíces.
Eu, o eterno parvo das
noites de insónia.
Alijó, 08/05/2023
Francisco Luís Fontinha