quarta-feira, 10 de maio de 2023

Estrelas do teu olhar

 Nos teus olhos,

Meu amor,

Dançam todas as estrelas do Universo,

Nas tuas mãos,

Nas tuas mãos, meu amor,

Nas tuas mãos brincam todas as crianças do planeta Terra…

E nos teus lábios…

Nos teus lábios navegam os mais lindos barcos do Oceano.

 

Cada palavra, um beijo,

Encantada maçã do Éden,

Pequeno silêncio,

E mesmo assim, meu amor,

E mesmo assim as árvores tombam com a solidão,

 

Nos teus olhos,

Meu amor,

Dançam todas as estrelas do Universo,

Dos teus olhos,

Meu amor,

Recebo todas as palavras que te escrevo…

E com elas,

Construo poemas,

Poemas, meu amor…

 

 

 

Alijó, 10/05/2023

Francisco Luís Fontinha

terça-feira, 9 de maio de 2023

A montanha

 

(pintura em curso: 60cm x 80cm. Acrílico s/tela – Francisco Luís Fontinha – Alijó)


O que é o amor,

Meu amor!

Como é meu amor,

O amor,

Do nosso amor.

 

O amor,

Meu amor,

É uma coisa estranha,

Que se gosta,

Que se ama…

O amor nasce,

O amor cresce,

Mas,

Meu amor,

Mas será que o amor, morre?

 

Não, claro que não.

O amor,

Meu amor,

O amor,

Do nosso amor,

Umas vezes com vento,

Outras vezes em flor…

 

Mas, meu amor,

O amor também é tempestade,

Também é saudade,

Dos que partiram,

Ou daqueles que não regressarão mais…

Como o poeta dos ventos,

Que sobe à montanha mais alta,

Grita…

Amo-te meu amor!

 

 

 

Alijó, 09/05/2023

Francisco Luís Fontinha

O livro da insónia

 O que resta de mim,

Um amontoado de ossos,

Sem nome,

Pedaços de nada,

O que resta de mim,

Depois de tantas tempestades,

Silêncios…

E mares;

Alguns, navegados.

 

O que resta de mim,

Depois que o silêncio se travestiu de mendigo,

Quando neste pequeno papel,

Escrevo-te aquilo que poderia ser uma carta de despedida…

 

Mas não me despeço

E vou andar por aí…

O que resta deste corpo em constante baloiço,

O que resta de mim,

Depois de o vento levar o meu cabelo,

As mãos com que afago o teu cabelo,

E os meus lábios…

Com que desenho nos teus lábios,

O beijo.

 

O que resta deste miúdo,

Que transportava uns simples calções

E umas sandálias em couro…

 

O que resta de mim,

O que resta de mim…

Um amontoado de ossos,

Sem nome,

Pedaços de nada,

E algumas palavras…

 

O que resta de mim

E da minha terra,

Onde o sangue jorra por entre o capim,

O que resta de mim

E da minha terra,

Quando a chuva cai…

E aquele cheiro inconfundível se ergue até ao céu,

 

O que resta de mim,

Poema do meu peito,

Palavra que respiro…

E em cada final de dia,

Vomito a solidão das noites aprisionado,

O que resta deste louco poeta,

O que resta de mim,

Deste pobre pintor…

O que resta de mim,

Quando Deus…

Não quer que reste nada.

 

 

 

Alijó, 09/05/2023

Francisco Luís Fontinha

Liberdade

 (aos meus pais e ao meu grande amigo Doutor Luís Castelo Branco)

 

 

Regressava a casa

Travestido de farrapos,

E havia sempre quem me procurava,

E havia sempre quem me levantava

 

Do pavimento térreo da miséria.

Cansei-me de ser um farrapo,

Cansei-me das noites em voos livres em direcção ao nada…

Vesti a minha melhor roupa…

 

Ergui-me do chão

Acreditando que um dia,

Qualquer dia,

Poderia ser livre,

 

Hoje não sou farrapo,

Hoje já não tenho quem me procurava

E me levantava do chão… (a minha mãe)

Mas hoje, tenho a liberdade,

 

Hoje regresso a casa de sorriso nos lábios,

Hoje não procuro os esconderijos da noite,

Hoje, meu Deus…

Hoje sou aquilo que em nove de Maio de mil novecentos e noventa e quatro… não acreditava ser.

 

 

 

Bragança, 9/05/2023

Francisco Luís Fontinha

segunda-feira, 8 de maio de 2023

Esconderijo

 Escondo-me na tua mão de oiro amanhecer,

Enquanto lá fora, uma pequena réstia de sono foge de mim.

Procuro nos teus lábios o teu doce olhar,

Sabendo que a chuva brevemente poisará no teu cabelo.

Escondo-me na tua mão…

Ao primeiro beijo da manhã,

Quando o Deus criador liga o interruptor da paixão,

E eu, olho-te incessantemente no espelho da madrugada,

Do silêncio que me abraça, ao silêncio que me deseja…

O meu esconderijo.

 

Escrevo-te enquanto ainda tenho forças para o fazer,

Não porque esteja cansado, ou doente, ou coisa alguma…

Mas vou-te escrevendo parvoíces,

Vou pincelando numa tela fria e nua…

Outras tantas parvoíces;

Diria que sou um parvo,

Um parvo que escreve parvoíces,

Um pequeno parvo que pincela numa tela fria e nua…

Parvoíces.

Eu, o eterno parvo das noites de insónia.

 

 

 

 

Alijó, 08/05/2023

Francisco Luís Fontinha