terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

Poema inverso do verso poema

 O inverso dos teus lábios

No meu peito em pequenos quadrados,

Círculos de sono,

Invisíveis luares,

Quando a janela do teu olhar

Se esconde na minha mão,

 

Inverso

No verso que deixo no teu cabelo,

Palavras vaiadas,

Palavras minhas nas tuas madrugadas…

 

O inverso dos teus lábios,

Em meus beijos desenhados,

Em pequenos quadrados,

Quadrados entre corpos nus,

 

O teu,

Nu corpo das noites junto ao rio…

 

O nu

Teu corpo nu,

Dentro de mim,

Na minha mão.

 

 

 

Alijó, 14/02/2023

Francisco Luís Fontinha

domingo, 12 de fevereiro de 2023

Maquinação sonolenta

 Do vosso servo que sou,

Enquanto a luz brinca nos teus lábios,

Ponte para a eternidade,

Sobre o rio que se lamenta…

No esconderijo da saudade,

 

Que vem

E não voltará mais ao castelo,

Nem a esta pobre cidade,

 

Do vosso servo,

Que fui

E sou,

A sombra nocturna das lívidas paredes de xisto,

 

Corro para o mar

E sento-me sobre as ondas do teu cabelo,

Há um barco que me quer levar…

Mas não sei se o meu corpo é uma pedra

Ou uma pequena lágrima de sono,

 

Tão pouco sei…

Se o meu corpo vai aguentar

Esta longa viagem,

 

Do vosso servo,

Que fui

E sou,

 

Deixo-vos a maquinação sonolenta das noites invisíveis.

 

 

 

Alijó, 12/02/2023

Francisco Luís Fontinha

sábado, 11 de fevereiro de 2023

Equação do sono

 Deste sono aleatório,

Equação invisível da paixão,

Teu corpo meu dormitório,

Teu corpo minha canção,

 

Quando o vento se recusa a erguer,

E escreve em tua mão…

Nas palavras de escrever,

As palavras do meu coração,

 

E do poema a voar,

No poema em pedaços de mel,

Teus lábios em mar,

 

Do mar pedestal;

Desta equação escrita no cansado papel…

Um dia, acordará do sono… o teu sono infiel.

 

 

 

Alijó, 11/02/2023

Francisco Luís Fontinha

Madrugadas

 Uma cegonha de luz poisa no teu doce olhar,

Como Cristo suspenso na cruz,
Da cruz onde pincela de lágrimas os teus lábios de mar,

 

E se o teu Deus o permitir,

Quando acordarem as manhãs ensonadas,

As tuas manhãs ensonadas,

Todos os pássaros vão fingir,

Todos os pássaros vão voar…

Voar em tuas madrugadas.

 

 

 

Alijó, 11/02/2023

Francisco Luís Fontinha

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

Lágrimas de sol

 Abraça-te ao silêncio

Fingido da madrugada,

Abraça-te às primeiras lágrimas de sol…

Enquanto o mar se perde no teu olhar,

 

Abraça-te aos meus lábios,

Viajante lunar das palavras,

Abraça-te aos poemas

E às minhas madrugadas,

 

Abraça-te à minha noite,

Castelo sem janelas,

Abraça-te…

 

Abraça-te à água prometida

Dos sorrisos sem tristeza,

Das pinceladas mãos em desejo,

Abraça-te ao beijo,

No beijo natureza,

Abraça-te sem mais nada,

Porque das primeiras lágrimas de sol…

Nasce a alvorada.

 

 

 

 

Bragança, 10/02/2023

Francisco Luís Fontinha

domingo, 5 de fevereiro de 2023

Viagem

 Poiso os meus braços

Nos teus braços,

 

Viajo nos teus lábios,

Pequena flor da madrugada,

Enquanto as árvores do meu jardim

Brincam nos teus olhos de mar,

 

Beijo o teu corpo,

Acendo a lareira do teu desejo,

 

Viajo nos teus lábios,

Incêndio das nocturnas noites de luar,

Presépio impresso em papeis de areia…

Poiso os meus braços,

Nos teus doces braços,

E a manhã é um cortinado colorido

Sem tristeza,

Sem nuvens…

Sem alarido.

 

 

 

 

Alijó, 05/02/2023

Francisco Luís Fontinha

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Mão do sono

 Às vezes, são as palavras que não acordam,

Dormem profundamente no silêncio de uma flor,

Outras vezes, são as manhãs dos alegres sorrisos

Que descem do céu e poisam junto ao rio,

Às vezes, olho os pássaros que habitam no teu cabelo,

Árvore sofrida do Inverno…

 

E nas outras vezes,

Aquelas vezes em que esqueço, das vezes que recordo…

A mão do sono,

E percebo que de todas as vezes, tantas vezes,

O meu corpo balança nos teus lábios,

 

Dos teus lábios,

Que às vezes, de quase todas as vezes,

Roubo os beijos,

Todos os beijos que de tantas vezes…

Em todas as vezes,

Desenham em mim…

Escrevem em mim…

O pôr-do-sol,

 

Nas vezes que me sentei,

Nesta pedra de silêncio…

Desta pedra onde chorei;

Às vezes, são as palavras que não acordam,

Dormem profundamente no silêncio de uma flor,

Quando das tuas mãos, meu amor,

Das tuas mãos em delírio…

Regressam a mim as estrelas.

 

 

 

 

Alijó, 03/02/2023

Francisco Luís Fontinha