O medo ejacular das
tempestades de luar,
há nesse cansaço
de amar uma velha equação,
um caderno
quadriculado que alguém esqueceu no amanhecer,
há no teu sémen a
estátua das palavras por escrever,
que se afogam no
coração...
que não sentem a
noite crescer, e há no teu olhar,
o finíssimo papel
de acreditar... não havendo nuvens de brincar,
o medo afaga os teus
inexistentes cabelos de arame farpado,
como uma jangada
apodrecida num velho telhado,
e sem o saberes...
vives esquecendo,
não viver, não
vivendo...
a madrugada de
sorrir,
Sonhas como sonham
os homens de esqueleto em veludo,
não dormes,
não comes...
sonhas com planícies
recheadas de crianças,
inventas baloiços
na sombra das árvores...
e escondes dentro de
ti... as lembranças,
Sabes que vais
partir,
O medo ejacular das
tempestades de luar,
a fogueira da paixão
imune aos silêncios de prata,
o navio que te
transporta... aportado num bairro em lata,
achatado,
mal iluminado,
tão triste como os
teus braços de amendoeira doente...
poisam em ti as
abelhas sílabas dos infernos ilimitados,
gritas,
e gritas... gritas
através dos vidros laminados,
gritas...
“coitados”...
acorrentados à voz
que lhes mente.
Francisco Luís
Fontinha
Segunda-feira, 20 de
Outubro de 2014