quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Jardins roseirais com plátanos de papel


Amar-te,
simples como és,
bela,
que vagueias entre as nuvens e o sol,
que transportas nos lábios uma fina película de desejo,
bela,
simples como és...
onde habita no teu corpo uma caravela,
esperando as minhas mãos de vento,
amar-te,
simples... simples como és,
mulher, amante... companheira,

Bela,
dos jardins roseirais com plátanos de papel,
Amar-te,
simples como és...

simples como eu sou!


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 21 de Agosto de 2014

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Poeta com as calças na mão!


Perdi todas as imagens que o cansaço foi poisando nos meus ombros,
Destruí as fotografia onde habitavam os meus cabelos,
Perdi-me na escuridão, fiquei por aí…
Como um sonâmbulo invisível,
Vestiram-me de palhaço,
Fui trapezista…
E de circo em circo,
Construí no meu olhar os fios de seda do amanhecer,
Quis voar… quis ser avião, pássaro…
E hoje sou um cubo de granito,
Com correntes de aço,
Com boca de palhaço…


Perdi todas as imagens que trouxe num caixote em madeira,
Sem destinatário,
Sem terra para aportar…
Acreditei ter nascido no mar,
Sou um apátrida, sou uma sanzala de algodão,
Com dentes de marfim…
Sou capim,
Cacimbo,
Embondeiro…
Sou… sou tudo aquilo que nunca quis ser,
Marinheiro,
Paquete, poeta… poeta com as calças na mão!



Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 20 de Agosto de 2014

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Divulga Escritor – Francisco Luís Fontinha

Divulga Escritor – Francisco Luís Fontinha


Beijo desassossegado


Cintilava na fragrância manhã o beijo desassossegado,
Tinha na algibeira alguns grãos de pólen,
Quatro ou cinco abelhas…
E um sorriso nos lábios pincelados com o desejo,
Havia no seu olhar uma pequena cabana,
Junto a ela… uma ribeira, e uma cama,
Cintilava na fragrância manhã o beijo…
Quando da montanha começaram a ouvir-se os sons poéticos da madrugada,
Toda a aldeia iluminada,
O beijo desassossegado… dançou, brincou…
E quando a mulher onde ele habitava foi à janela…
Viu… viu outros beijos iguais aos dela, correndo para o mar…


E,
E ela percebeu que todos os beijos desassossegados,
São caravelas,
São a saudade entranhada na fragrância manhã,
(Cintilava na fragrância manhã o beijo desassossegado,
Tinha na algibeira alguns grãos de pólen,
Quatro ou cinco abelhas…)
E um sonho para acordar!



Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 19 de Agosto de 2014

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Imaginar


Imagino o teu corpo uma límpida folha de papel,
Lapidá-lo com as minhas mãos todas as palavras,
As possíveis…
E as impossíveis,
Meus Deus…! Tenho tanto onde escrever…
Imagino os teus lábios ao acordar,
(Húmidos, tranquilos como um veleiro à deriva no mar),
Suspensos nos meus, como se fossemos dois triângulos interlaçados no infinito,
Imagino os teus seios fundeados no meu peito,
Sem pressa de zarparem,
Esperando que regresse o amanhecer,
Esperando que eu termine de escrever,


(só… só não consigo imaginar,
O que tu imaginas com as minhas mãos de brincar…!)


Imagino o teu olhar,
Escondido na sanzala dos gritos,
Uns dias quer voar…
Outros…, outros deseja poisar no silêncio nocturno dos pássaros,


(só… só não consigo imaginar,
O que tu imaginas com as minhas mãos de brincar…!)


Imagino os teus gemidos dançando na seiva embainhada,
Como uma jangada,
Como uma palavra…
Imagino os teus cabelos suspensos na alvorada,
Livres,
Tão livres como o pensamento…


Imagino o teu corpo uma límpida folha de papel,
Lapidá-lo com as minhas mãos todas as palavras,
As possíveis…
E as impossíveis,
Meus Deus…! Tenho tanto onde escrever…
(só… só não consigo imaginar,
O que tu imaginas com as minhas mãos de brincar…!)
Imaginar…



Francisco Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 18 de Agosto de 2014

domingo, 17 de agosto de 2014

O alicerçado enforcado


Há nesta árvore nua e ensonada,
uma vida sem alma,
um corpo fusco com odor a embriaguez,
há nesta árvore um sorriso,
uma varanda com fotografia para o mar,
o silêncio é contagioso,
doença que invade o alicerçado enforcado...
o homem que inventa tristezas,
o homem que escreve insónias,
há nesta árvore estórias,
madrugadas sem nome,
o homem...
o homem das asas negras,
esperando o regresso da jangada de granito,
ele não resiste,
e insiste...
desenhar na tempestade o infestado grito,
há...
há nesta árvore nua e ensonada,
um poeta em chamas..., um poeta que arde na fogueira...!


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 17 de Agosto de 2014

Beijos de papel


Embrulhados em pura lã virgem,
acordam os lábios do entardecer,
há uma estrela que finge viver...
há uma estrela amarga voando em direcção ao mar,
uma mão que se esconde na neblina,
uma mão com olhos de menina,
embrulhados,
acordam...
os fictícios beijos de papel,
uma sombra que se esquece de adormecer...
na cidade dos coqueiros envergonhados,
nos lábios..., nos lábios embrulhados!


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 17 de Agosto de 2014