As mãos ensanguentadas de fome
ao cair a noite sobre a aldeia de papel
o vento leva todos os sorrisos da tarde
e o céu absorve as lágrimas de sofrimento
uma criança inventada
chora em cima da copa de uma árvore
imaginada
por uma miúda refilona
uma menina traquina
saltitando de rio em rio
e de mar em mar
até se deitar sobre a areia fina dos sonhos
engraçadinha
preguiçosa
menina teimosa
como um lírio voando desalinhado dentro dos pontos cardeais
e à lua toca com os lábios de saudade
comendo as estrelas azuis
e os pontos de luz pintados de esperança
antes de acordar a madrugada
as mãos ensanguentadas de fome
ao cair a noite sobre a aldeia de papel
o vento leva todos os sorrisos da tarde
(uma menina traquina
saltitando de rio em rio
e de mar em mar)
sem perceber que o vento
que o vento leva todos os sorrisos da tarde...
(poema não revisto)
sexta-feira, 7 de setembro de 2012
quinta-feira, 6 de setembro de 2012
À boca a tua louca janela
Sossego
entre as palavras caídas
das nuvens de veludo púrpura
à boca
sossego dos lábios incandescentes
quando do desejo cresce a vergonha de olhar o céu
louca
a manhã em ressaca depois da noite murmurada em poemas doentes
às palavras indesejadas
à boca
louca
majestosos cansaços nos pilares da morte
louca
sossego
quando escreves na minha lápide invisível
(aqui jaz um grande filho da puta)
eu
em sossego
entre as palavras caídas
das sandálias com tiras de couro
e um triciclo de madeira
esquecido
magoado
triste debaixo das mangueiras trucidadas pelas balas sem destino
eu menino
voo sobre o musseque de incógnitas e equações clandestinas
louca
a boca
a tua boca
quando engole o meu corpo em pequenos recortes de jornal
à boca
a louca clandestina memória da infância
(aqui jaz um grande filho da puta)
um menino em calções que sonha roubar o mar de Luanda...
(poema não revisto)
entre as palavras caídas
das nuvens de veludo púrpura
à boca
sossego dos lábios incandescentes
quando do desejo cresce a vergonha de olhar o céu
louca
a manhã em ressaca depois da noite murmurada em poemas doentes
às palavras indesejadas
à boca
louca
majestosos cansaços nos pilares da morte
louca
sossego
quando escreves na minha lápide invisível
(aqui jaz um grande filho da puta)
eu
em sossego
entre as palavras caídas
das sandálias com tiras de couro
e um triciclo de madeira
esquecido
magoado
triste debaixo das mangueiras trucidadas pelas balas sem destino
eu menino
voo sobre o musseque de incógnitas e equações clandestinas
louca
a boca
a tua boca
quando engole o meu corpo em pequenos recortes de jornal
à boca
a louca clandestina memória da infância
(aqui jaz um grande filho da puta)
um menino em calções que sonha roubar o mar de Luanda...
(poema não revisto)
quarta-feira, 5 de setembro de 2012
Viagem
Dizem-me que regressaste
e sofres
como a noite se dissolve nas rochas infinitamente amarguradas
e sofres
como uma cratera à volta da lua
loucamente sofrendo as dores do inferno
(regressaste
e sofres)
e dormes profundamente nas areias do caos.
(poema não revisto)
e sofres
como a noite se dissolve nas rochas infinitamente amarguradas
e sofres
como uma cratera à volta da lua
loucamente sofrendo as dores do inferno
(regressaste
e sofres)
e dormes profundamente nas areias do caos.
(poema não revisto)
terça-feira, 4 de setembro de 2012
Do amor das palavras
Do amor das palavras os rios de insónia
nas viagens sobre a aldeia de xisto
com janelas de amêndoa e telhados de chocolate
os cigarros imaginários que caminham no corredor da morte
sinto-os
sinto-os encostados às portas do sofrimento
quando o mar da paixão morre entre os degraus e não consegue poisar no sótão
sinto-os em sussurros
nos gemidos da noite obscura
o corpo nu da mulher embrulha-se nas paredes de gesso
construídas com migalhas de livros
e velhas sílabas pertencentes a poemas mortos
os pássaros cheiram a tinta acrílica
e as abelhas fogem pelas frestas como olhos de vidro
que vivem nas paredes de gesso do sótão de areia
do amor
apenas silêncio
do amor
apenas noites acorrentadas a rios de insónia
as pedras e os livros e as mãos da mulher nua suspensa nas paredes de gesso
do amor
e todos os pássaros em direcção ao mar da felicidade
as pedras e os livros e os lábios da mulher nua
e o mar da paixão
apenas silêncio
e a minha vida
uma rua de uma cidade morta
uma rua nua e escura
sem saída
amarga no chão semeado de mangas
e o céu pintado de capim
(E espero pacientemente que a cidade de Luanda me engula
como engoliu o meu chapelhudo
e o meu triciclo
e todos os meus sonhos).
(Poema não revisto)
nas viagens sobre a aldeia de xisto
com janelas de amêndoa e telhados de chocolate
os cigarros imaginários que caminham no corredor da morte
sinto-os
sinto-os encostados às portas do sofrimento
quando o mar da paixão morre entre os degraus e não consegue poisar no sótão
sinto-os em sussurros
nos gemidos da noite obscura
o corpo nu da mulher embrulha-se nas paredes de gesso
construídas com migalhas de livros
e velhas sílabas pertencentes a poemas mortos
os pássaros cheiram a tinta acrílica
e as abelhas fogem pelas frestas como olhos de vidro
que vivem nas paredes de gesso do sótão de areia
do amor
apenas silêncio
do amor
apenas noites acorrentadas a rios de insónia
as pedras e os livros e as mãos da mulher nua suspensa nas paredes de gesso
do amor
e todos os pássaros em direcção ao mar da felicidade
as pedras e os livros e os lábios da mulher nua
e o mar da paixão
apenas silêncio
e a minha vida
uma rua de uma cidade morta
uma rua nua e escura
sem saída
amarga no chão semeado de mangas
e o céu pintado de capim
(E espero pacientemente que a cidade de Luanda me engula
como engoliu o meu chapelhudo
e o meu triciclo
e todos os meus sonhos).
(Poema não revisto)
segunda-feira, 3 de setembro de 2012
Como tantos outros dias
Submeto-me à inquietação líquida das palavras inventadas
quando deixas cair das tuas mãos
os pequenos silêncios embrulhados em lágrimas de açúcar
fico cansado ao escutar os teus murmúrios de insónia
oiço as palavras inventadas suspensas no tecto da solidão
e vejo na abobada celeste os finíssimos sorrisos do final do verão
há barcos de papel sobre a imunda minha secretária de madeira morta de incenso
há marés de olhares em todos os livros que li
e possivelmente deixarei de ler
(cansei-me dos livros e das noites sem estrelas de abelhas)
ou então aproveitarei todos os segundos para procurar nas palavras
os búzios invisíveis dos visitantes nocturnos
que me procuram sem que eu perceba que nos seus lábios
existem sílabas de suor com chá e torradas
segunda-feira
um dia de “merda” como tantos outros dias de “merda”
há cigarros
sobre a minha secretária de papel
onde brincam barcos de madeira
hoje
segunda-feira
um dia perfeitamente estúpido e sem cabeça.
(poema não revisto)
quando deixas cair das tuas mãos
os pequenos silêncios embrulhados em lágrimas de açúcar
fico cansado ao escutar os teus murmúrios de insónia
oiço as palavras inventadas suspensas no tecto da solidão
e vejo na abobada celeste os finíssimos sorrisos do final do verão
há barcos de papel sobre a imunda minha secretária de madeira morta de incenso
há marés de olhares em todos os livros que li
e possivelmente deixarei de ler
(cansei-me dos livros e das noites sem estrelas de abelhas)
ou então aproveitarei todos os segundos para procurar nas palavras
os búzios invisíveis dos visitantes nocturnos
que me procuram sem que eu perceba que nos seus lábios
existem sílabas de suor com chá e torradas
segunda-feira
um dia de “merda” como tantos outros dias de “merda”
há cigarros
sobre a minha secretária de papel
onde brincam barcos de madeira
hoje
segunda-feira
um dia perfeitamente estúpido e sem cabeça.
(poema não revisto)
os vinhedos desassossegados da manhã
quando o corpo é um amontoado de destroços orgânicos
e o coração uma pedra de xisto romântica
entalada entre a montanha e o rio
à espera que desça a noite sobre os vinhedos desassossegados da manhã
quando o corpo se ergue para se abraçar na longínqua solidão
e o vento suave inventa bolhas de sabão
e palavras de amor
quando o rio se transforma em jardim
e as árvores vestem-se de pássaros
e nas ruas da cidade
constroem-se sonhos de meninos
(poema não revisto)
e o coração uma pedra de xisto romântica
entalada entre a montanha e o rio
à espera que desça a noite sobre os vinhedos desassossegados da manhã
quando o corpo se ergue para se abraçar na longínqua solidão
e o vento suave inventa bolhas de sabão
e palavras de amor
quando o rio se transforma em jardim
e as árvores vestem-se de pássaros
e nas ruas da cidade
constroem-se sonhos de meninos
(poema não revisto)
Subscrever:
Mensagens (Atom)