As mãos ensanguentadas de fome
ao cair a noite sobre a aldeia de papel
o vento leva todos os sorrisos da tarde
e o céu absorve as lágrimas de sofrimento
uma criança inventada
chora em cima da copa de uma árvore
imaginada
por uma miúda refilona
uma menina traquina
saltitando de rio em rio
e de mar em mar
até se deitar sobre a areia fina dos sonhos
engraçadinha
preguiçosa
menina teimosa
como um lírio voando desalinhado dentro dos pontos cardeais
e à lua toca com os lábios de saudade
comendo as estrelas azuis
e os pontos de luz pintados de esperança
antes de acordar a madrugada
as mãos ensanguentadas de fome
ao cair a noite sobre a aldeia de papel
o vento leva todos os sorrisos da tarde
(uma menina traquina
saltitando de rio em rio
e de mar em mar)
sem perceber que o vento
que o vento leva todos os sorrisos da tarde...
(poema não revisto)
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