Entre os parêntesis da miserável vida que tenho
cultivo no livro das memórias palavras de incenso
e rosas vermelhas cansadas de que as olhem e desejem
cansadas como algumas mulheres
rosas para serem olhadas
e ficarem esquecidas numa jarra de vidro
ou de cristal
e a mulher é para ser manuseada e amada
como as tardes de primavera junto ao mar dos pontos de interrogação
dizem que sou louco
pobre
muito pobre
mas tenho um barco
e o mar é só meu
dizem
dizem que as rosas são lindas
dizem que sou louco
pobre
muito pobre
deixem as mulheres serem amadas
e manuseadas como as rosas vermelhas
e dizem
e têm medo de me mostrarem
e dizem
dizem que as rosas são lindas
dizem que sou louco
pobre
muito pobre
e por essa razão tenho de viver na clandestinidade...
e dizem
dizem que o texto termina no ponto final
(nos meus texto não coloco ponto final)
e dizem
dizem que nunca terminam
como as rosas que vivem dentro dos livros
e que roubei num jardim de Agosto
com os olhos de amêndoa
e os lábios de maré salgada
gostavas do mar
e das árvores
e dos pássaros do inverno
e dizias
e dizias que eu era pobre
muito pobre
tal como hoje
como ontem
e como amanhã o serei
sempre
sempre eternamente pobre
(fala baixinho para ninguém te ouvir... XIU...).
quinta-feira, 26 de julho de 2012
quarta-feira, 25 de julho de 2012
Os socalcos do cansaço
Cansado desta “merda” toda...
do jantar sobejaram as espinhas de miséria
e a varanda da insónia desdestrói-se sobre os socalcos do cansaço
e cresce em mim a vontade de desistir de todos os sonhos
e de todos os jardins onde me sentei e escrevi com o meu olhar
poemas de “merda” no troco das árvores com inércia e pedacinhos de musgo nos braços
ler
escrever
amar
(foder
nas palavras embriagadas da noite)
e das marés sem luar
(cansei-me das janelas isósceles
e das portas rectângulos sem memória
do seno de trinta graus
ou das tangentes fictícias à meia-noite)
oiço os apitos invisíveis
dos barcos imaginários
que galgam a seara da tristeza
mergulhada no vento da noite escura
cansado
cansado do jantar
cansado
cansado do amor das palavras
cansado
cansado dos livros que adormeço
cansado
cansado dos livros que leio
e dos cachimbos
cansado
cansado da vergonha
de ser um miserável ou um fantasma sem cabeça
quando os barcos de verdade
regressam do banco de jardim frente aos correios (já falecido)
e trazem nos olhos as cerejas da adolescência...
do jantar sobejaram as espinhas de miséria
e a varanda da insónia desdestrói-se sobre os socalcos do cansaço
e cresce em mim a vontade de desistir de todos os sonhos
e de todos os jardins onde me sentei e escrevi com o meu olhar
poemas de “merda” no troco das árvores com inércia e pedacinhos de musgo nos braços
ler
escrever
amar
(foder
nas palavras embriagadas da noite)
e das marés sem luar
(cansei-me das janelas isósceles
e das portas rectângulos sem memória
do seno de trinta graus
ou das tangentes fictícias à meia-noite)
oiço os apitos invisíveis
dos barcos imaginários
que galgam a seara da tristeza
mergulhada no vento da noite escura
cansado
cansado do jantar
cansado
cansado do amor das palavras
cansado
cansado dos livros que adormeço
cansado
cansado dos livros que leio
e dos cachimbos
cansado
cansado da vergonha
de ser um miserável ou um fantasma sem cabeça
quando os barcos de verdade
regressam do banco de jardim frente aos correios (já falecido)
e trazem nos olhos as cerejas da adolescência...
terça-feira, 24 de julho de 2012
Janela triangular
Sobre a almofada do amor
dorme o abandono e a escuridão
voam as palavras de incenso
para a desconhecida mão
em flor
com perfume a silêncio
e vergada nos cortinados triangulares
das tardes de pulsações e desejos
dos lençóis com sabor a haxixe
procura o amor
impregnado de piolhos alquimistas
nos verdejantes lábios do sono
descem as ruas em ruína
com o destino de morrerem afogadas
nas lágrimas da despedida
sobre a almofada do amor
a madrugada com escadas para o sótão da solidão
abro a janela triangular
e arremesso-me de encontro ao vento
e curiosamente
e curiosamente começo a voar
e curiosamente
e curiosamente na almofada do amor
dorme o abandono e a escuridão
da madrugada com escadas para o sótão da solidão...
(voltarei a fumar)
dorme o abandono e a escuridão
voam as palavras de incenso
para a desconhecida mão
em flor
com perfume a silêncio
e vergada nos cortinados triangulares
das tardes de pulsações e desejos
dos lençóis com sabor a haxixe
procura o amor
impregnado de piolhos alquimistas
nos verdejantes lábios do sono
descem as ruas em ruína
com o destino de morrerem afogadas
nas lágrimas da despedida
sobre a almofada do amor
a madrugada com escadas para o sótão da solidão
abro a janela triangular
e arremesso-me de encontro ao vento
e curiosamente
e curiosamente começo a voar
e curiosamente
e curiosamente na almofada do amor
dorme o abandono e a escuridão
da madrugada com escadas para o sótão da solidão...
(voltarei a fumar)
segunda-feira, 23 de julho de 2012
O esqueleto da nuvem de prata
O esqueleto da nuvem de prata
e lágrimas de papel
nos olhos
uns Ray Ban
que lhe davam um certo ar de ajeitado
fazendo-o parecer um esqueleto verdadeiro
de finíssimas famílias
e no entanto
não passava de uma nuvem de prata
com poeira de ossos
e lentes BL...
vivia num mundo inventado
e amava loucamente uma pedra
onde se sentava a olhar o rio
onde passeavam os barcos
e poisavam as gaivotas
e amava loucamente uma árvore
uma árvore de verdade
com coração de verdade
e amor de verdade
e lágrimas de papel.
e lágrimas de papel
nos olhos
uns Ray Ban
que lhe davam um certo ar de ajeitado
fazendo-o parecer um esqueleto verdadeiro
de finíssimas famílias
e no entanto
não passava de uma nuvem de prata
com poeira de ossos
e lentes BL...
vivia num mundo inventado
e amava loucamente uma pedra
onde se sentava a olhar o rio
onde passeavam os barcos
e poisavam as gaivotas
e amava loucamente uma árvore
uma árvore de verdade
com coração de verdade
e amor de verdade
e lágrimas de papel.
domingo, 22 de julho de 2012
Quatro paredes de cianeto
Das quatro paredes de cianeto
onde habita o amor inventado
nas quatro palavras murmuradas
do amor embrulhado em pedaços de jornal
e sorrisos de prata
das quartas-feiras com chá melancólico
e abraços invisíveis
ao meu corpo
indesejado
das quatro paredes
em tectos de solidão
palavras de cianeto
o meu corpo desgraçado
suspenso no vidro ténue do fim de tarde
entre o suicídio dos barcos
e a alegria da minha partida para longe
sem destino
sem regresso
que feliz o amor
que vive dentro de quatro paredes de cianeto...
onde habita o amor inventado
nas quatro palavras murmuradas
do amor embrulhado em pedaços de jornal
e sorrisos de prata
das quartas-feiras com chá melancólico
e abraços invisíveis
ao meu corpo
indesejado
das quatro paredes
em tectos de solidão
palavras de cianeto
o meu corpo desgraçado
suspenso no vidro ténue do fim de tarde
entre o suicídio dos barcos
e a alegria da minha partida para longe
sem destino
sem regresso
que feliz o amor
que vive dentro de quatro paredes de cianeto...
sábado, 21 de julho de 2012
Lívida a morte das palavras
Lívida a morte das palavras
do amor prometido
no amor proibido
a paixão lenta em decomposição
o corpo putrefacto nos olhos azuis da manhã
que voa em direcção ao mar,
o amor morre
e nas lívidas palavras prometidas
cresce a planície da solidão
onde vivem pássaros sem coração
e homens sem cabeça
que procuram as luzes das manhãs azuis,
lívida a paixão
do lívido amor
que me esquece no centro da cidade
e há no amor proibido
a paixão lenta em decomposição
e há
do meu amor
as palavras lívidas,
palavras
sem cabeça
sem nome
lívida a morte
do amor prometido
e há
e há paixões de merda
e amores sem cabeça
das palavras lívidas
e há
e há amores de merda
do amor proibido.
do amor prometido
no amor proibido
a paixão lenta em decomposição
o corpo putrefacto nos olhos azuis da manhã
que voa em direcção ao mar,
o amor morre
e nas lívidas palavras prometidas
cresce a planície da solidão
onde vivem pássaros sem coração
e homens sem cabeça
que procuram as luzes das manhãs azuis,
lívida a paixão
do lívido amor
que me esquece no centro da cidade
e há no amor proibido
a paixão lenta em decomposição
e há
do meu amor
as palavras lívidas,
palavras
sem cabeça
sem nome
lívida a morte
do amor prometido
e há
e há paixões de merda
e amores sem cabeça
das palavras lívidas
e há
e há amores de merda
do amor proibido.
terça-feira, 17 de julho de 2012
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