(desenho de
Francisco Luís Fontinha)
Encosto-me a este
infeliz candeeiro
com sorriso de
néones,
percebe-se do seu
esqueleto enferrujado
o cansaço da noite,
há nele as carícias
invisíveis do pavimento térreo
e das flores
aprisionadas aos seus braços,
uma corda acorda
e passeia-se junto
ao rio,
fumam-se cigarros
nas sombreadas alvenarias de verniz
que o vento
transportará para o silêncio dos teus seios,
uma lágrima de
enxofre cai suavemente sobre o meu peito...
e amanhã não
haverá alvorada,
encosto-me...
e escondo-me das
tuas garras,
dos teus lábios com
sabor a palavras,
e...
e encosto-me ao teu
corpo
das canções à
lareira,
hoje... hoje é
Domingo?
não sei... meu
amor!
uma corda acorda
e dança dentro da
madrugada cinzenta
como uma balança...
velha e rabugenta.
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 19 de
Janeiro de 2015