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foto de: A&M ART and Photos
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O arvoredo das encostas socalcos que
iluminam as mãos de pérola adormecida teu olhar,
não existem,
não brincam como brincávamos junto ao
cais de embarque,
havia entre nós uma rede supérflua de
mendicidade que nunca acreditados deixar de existir,
sofríamos,
dançávamos sobre os telhados
lânguidos das esplanadas com tosse,
e ouvíamos os silêncios da solidão
palmilharem os andaimes do desassossego,
íamos vivendo como morcegos
prisioneiros de uma noite inventada por uma locomotiva enlouquecida,
e triste,
e triste como toda a noite o é,
e triste como todos os livros em
palavras embriagadas...
o arvoredo das encostas socalcos que
iluminam os dissecados objectos de porcelana,
O alicate da saudade poisado sobre a
almofada do cansaço,
o medo de perder as imagens das
fotografias embalsamadas,
e triste...
triste não existir no olhar da
madrugada,
e triste...
triste pertencer aos laminados lábios
do desejo,
como vampiros beijos subindo as
encostas socalcos,
os malvados suspiros da paixão,
a dor transformada em iluminação
pública,
doirada como os teus abraços quando
acordam as sílabas envenenadas...
e a toda a velocidade, e como todos os
jardins suspensos da Babilónia...
tu, tu pertences-me como me pertencem
os teus doces cabelos de maré ensonada.
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 6 de Janeiro de 2014