Pela pequeníssima fissura do meu peito
entra sorrateiramente o sol
e os pássaros da madrugada,
oiço-lhes os uivos rangidos da geada
caindo a noite sobre os cobertores da
insónia
deixo de sonhar
e começo a ver desenfreadamente os
soluços das palavras
em constante borbulhar de solidão
que os beijos constroem sobre as nuvens
do mar,
descem dos teus doces lábios de desejo
as cancelas da dor embrulhadas em papel
de incenso
e mirra
oiro
na mão vazia de um barco clandestino
moribundo
e oiro
às vezes quando do cansaço acordam os
gritos dos homens embalsamados,
os meninos
deles
coitados
à janela do ciume.
(poema não revisto)