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terça-feira, 8 de abril de 2014

Flores triangulares


Percebo que as equações do meu corpo não têm resolução,
sou um aglomerado de números complexos, integrais duplas e triplas, habitam nos meus braços,
percebo que tenho um sorriso em granito, e sei que nas quadrículas do meu peito...
suspendem-se as infinitas cordas paralelas do nylon madrugada,
um imbecil programado, um corpo onde se misturam os algoritmos de Fortran e as raízes quadradas do obscuro olhar, sem sentido, único, proibido estacionar o meu corpo em cima do passeio da solidão,
cruzo os braços,
e pergunto-me...
o que faz o poema sem nome dentro do silêncio amanhecer?
sem prazer,
a vida é um fluído em escoamento permanente...
em direcção ao mar,
em construção... como corpos geométricos procurando amor nas flores triangulares...


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Terça-feira, 8 de Março de 2014

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

o espaço só e vazio

foto de: A&M ART and Photos

imagino as incógnitas que vivem na tua cabeça
tento perceber as equações do teu empobrecido coração
geometricamente
não consigo determinar a posição do teu corpo no espaço tridimensional...
e tudo parece tão simples
normal
imagino a integral dos teus seios pintados de encarnado
e reflectidos no prisma que se esconde na teoria das cores
dos cheiros
e sabores
imagino a equação diferencial das tuas alegres coxas
quando se despedem da tarde as gaivotas triangulares

imagino o silêncio vestido de negro
caminhando sobre o arame da solidão
lá em baixo o público enfurecido olha-te como se fosses um cartaz perdido no vento
balançando
dormindo
chorando
e imagino as incógnitas que vivem na tua cabeça
os círculos trigonométricos do teu púbis amargurado
cansado de mim
talvez... apaixonado por mim
talvez
porque tridimensionalmente... não consigo determinar-te no espaço só e vazio


(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 29 de Agosto de 2013

segunda-feira, 15 de julho de 2013

A paixão de PI

foto de: A&M ART and Photos

Invejo-te os olhos de púrpura amanhecer
quando te sentavas sobre as sombras da madrugada
sem o saber sem o perceber
amanhã envio-te as cartas prometidas com as flores desenhadas
ruas e prédios e penumbras fachadas
no jardim do silêncio à espera da tua chegada,

Amanhã prometo regressar aos teus braços
e a vela transatlântica é engolida pela insónia cristalina das tuas mãos
amanhã
engolida toda a matéria disforme numa equação desnecessária
proibida
cansadas?
maltratadas janelas com pequenos grãos de areia...
e a vã maternidade dos recortes em papel voando sobre ti,

Invejo-te os olhos
e as persianas dos teus olhos como uma fotografia a preto-e-branco caminhando junto ao mar
transformas-te em alga adormecida
e desces pelo meu corpo até te acorrentares ao meu peito aprisionado pelo medo...
invejo-te os seios perfumados como estrelas tricolores suspensas na saudade
e percebo que passou por nós... imenso tempo tempo demais...

Tempo perdido quando rectas paralelas se encontram no infinito...
acreditas, não acreditas, meu amor?
a paixão de PI quando começa o vómito de 3,141592654... no teu púbis onde desenho gráficos,
equações, máximos, mínimos... e os zeros da função...
e a função alimenta-se dos teus gemidos como vidros partidos sobre as flores das searas...
prometidas?
Invejo-te os olhos
e as tuas coxas com sabor a gaivota estonteante...

(não revisto)
@Francisco Luís Fontinha