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sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

Revólver

 


Encosta o revólver à cabeça

Dispara uma palavra de pólvora seca

Poisa a mão sobre a mesa,

E nasce o poema.

 

Vai para o quarto

Deita-se na cama

E percebe que o poema…

É a revolta dos seus miolos.

 

Levanta-se

E abre a janela

Puxa do cigarro que é veneno

Esconde o revólver debaixo do travesseiro,

 

Acaba de morrer

E não é o primeiro

A escrever,

 

Mas é o primeiro…

A sentir o peso da caneta.

 

09/02/2024


Estrelas


 Digam à madrugada que eu estou maldisposto

Cansado de ver as estrelas,

 

Digam à madrugada que sou um impostor,

Uma página em branco…

 

No meio de tão bela flor.

 

 

09/02/2024

quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Poema

 


Se os teus lábios fossem uma laranja

Se os teus lábios fossem um poema

Se os teus lábios fossem a manhã

Se os teus lábios fossem um pedacinho de mel…

 

Eu queria ser,

O poeta dos teus lábios,

O teu poeta.

 

31/01/2024

domingo, 14 de janeiro de 2024

Os teus olhos

 



São tão meus os teus olhos, são de água, os teus olhos

São a serpente abraçada ao veneno

Quando os teus olhos me matam

Por tu quereres ou por engano

Mas matam-me.

 

14/01/2024


sábado, 4 de novembro de 2023

Partida

 

Podíamos partir em direcção ao mar

E levar connosco todos estes livros,

Todas estas memórias.

Podíamos brincar no mar

E desenhar na areia o sorriso do silêncio,

Podíamos escrever na espuma do mar…

O quanto mar existe nos teus olhos,

Do mar Oceano das tuas mãos,

Podíamos regressar a Ítaca

E resgatar o soldado infeliz,

Conversávamos com a esposa de Zenão…

(o paradoxo de Zenão)

Podíamos voar sobre as árvores,

Podíamos cantar junto ao rio…

Podíamos aprisionar o vento

E a chuva,

Podíamos partir em direcção ao mar

E levar connosco todos estes livros,

E todas estas sombras.

 

 

04/11/2023

terça-feira, 31 de outubro de 2023

Pigmento de cor

 Morres-me enquanto poisa o silêncio

Sobre a caruma do meu corpo

Também ele

Em morte insónia

Morres-me a cada minuto

A cada segundo

Milésimo… de segundo do segundo

Que me morres

Morres-me enquanto cada pigmento de cor

Cai sobre esta folha de papel

E pergunto-me o que me interessa esta a folha de papel

Com pigmentos de cor

Se tu me morres

Se tu me habitas

Também eu

Em morte silenciosa

Morres-me enquanto o Outono caminha em direcção ao Inverno

Que traz o frio

Que traz o Inferno

De que me morres

Antes de acordar o luar

Antes de adormecer a chuva

No teu olhar

De que me morres com falta de ar.

domingo, 15 de outubro de 2023

Nuvem


 O cachorro não cessa de latir

A janela do quarto

Deixou de abrir

A chuva cai

A chuva traz vinho

E pão

Também

E às vezes

A chuva vai

Depois vem

E rima

Com ninguém

 

Ninguém à mesa

De alguém

Que já foi tudo

E hoje

E hoje entretém-se a comer chocolates

Coisas raras e boas

Castanhas assadas

E viagens sem fim ao fim-do-fim

Entre parêntesis

E a rima

E a rima com noite desgovernada

 

Que tinha não mão uma granada

E a rima

E pimba

A bala disparada

 

Contra o peito do magala

 

O cachorro não cessa de latir

A janela do quarto

Deixou de abrir

A chuva cai

A chuva traz vinho

E pão

E a chuva vai

E a chuva vem

Sem saber que do tecto cai

Que do tecto também

Uma nuvem sai…

E uma nuvem vem

Aos braços de alguém.

 

 

15/10/2023