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sábado, 13 de abril de 2024

Pedra azul

Conheci uma pedra azul

com lábios de mar

tem braços de saudade

e mãos de desejo

tem boca de amar

e poemas de beijo

conheci uma pedra azul

com olhos de sonhar

 

(Francisco)

PRIMAVERA

AMO-TE

SIM, AMO-TE

DESEJO-TE

SIM, DESEJO-TE

QUERO-TE

SIM, QUERO-TE

 

O VENTO SÓ SERÁ O VENTO

QUANDO O TEU CABELO FOR O VENTO

A CHUVA SÓ SERÁ A CHUVA

QUANDO A CHUVA FOR OS TEUS OLHOS

O SOL SÓ SERÁ O SOL

QUANDO O SOL FOR O SOL DOS TEUS LÁBIOS

 

O TEU CORPO SÓ SERÁ A PRIMAVERA

QUANDO A PRIMAVERA FOR A LUA

E O LUAR

SER O TEU CORPO

SER O MEU MAR

 

(Francisco – 13/04/2024)

O sofrer do amar luar

O sofrer do amar luar

O querer ou não o ter

Não ter tempo

Não ter lugar

 

O sofrer do amar luar

O primeiro beijo invisível da manhã

Bom dia meu amor

Não ter tempo nem lugar

 

O sofrer do amar luar

Se a noite te trouxe o desejo

Se a noite não te querer

Não ter lugar

Para viver

 

(Francisco – 13/04/2024)

A NOITE

A NOITE É UM CORPO SEM BOCA

É UMA BOCA SEM BRAÇOS, SEM PERNAS

A NOITE É UMA BOCA, É UMA LANTERNA

QUE AMA OUTRA BOCA

A BOCA É POUCA

E A NOITE É LOUCA

E É TÃO POUCA

 

EU SOU A NOITE

E NÃO TENHO CORPO

MAS SOU LOUCO

 

A NOITE É UM CORPO SEM CABELO

É UMA PEDRA LAPIDADA, É UM DIA FLORIDO

NAS MÃOS DE UMA AMADA

 

A NOITE É UMA SANZALA DE BOCAS, É UM UÍSQUE QUE DURA A NOITE TODA,

QUE DESCE À NOITE,

QUE SOBE A UMA OUTRA NOITE,

NO ENTANTO, PERCEBO QUE ESTA NOITE PASSADA, AMEI-TE, LOUCAMENTE,

COMO NOITE.

 

A NOITE É UM CORPO SEM BOCA

É UMA BOCA SEM BRAÇOS, SEM PERNAS

A NOITE É UMA BOCA, É UMA LANTERNA

QUE AMA OUTRA BOCA

A BOCA É POUCA

E A NOITE É LOUCA

E É TÃO POUCA

QUE AMA OUTRA LANTERNA

 

A NOITE É UM CORPO

SEM BOCA

 

 

(Francisco, 13/04/2024)

sexta-feira, 12 de abril de 2024

É este o amor

É este, o amor, sentido proibido da noite,

há um semáforo, está encarnado, e o amarelo é uma vertigem, uma imagem interrompida pelas ondas do mar.

É este, o amor, suicídio complexo, quando o poeta corta o pulso, e em vez de sangue, há um jorro de sílabas, estão tontas,

e apaixonadas.

 

Há uma vírgula que beija loucamente um ponto de interrogação, e este, com ar de gozo,

tu me amas?

Que dirá a vírgula, quando a única e despedida palavra

É SIM.

 

É este o amor, de te amar e de me querer esconder

sobre a árvore junto ao rio,

é este o sono, é este o amor, miserável viver, escrever

escrever sobre o mar.

 

É este o amor, este sentido proibido da noite,

milhões de vidas, para quase meia dúzia de corpos,

e duas ou três bocas.

É este, é este o amor, milagre invisível das flores solteiras, há uma lágrima dentro deste amor, há uma espada que se crava a cada rotação da terra, é funda, tão funda a margem deste rio.

 

(Francisco, 12/04/2024)

Quase

É quase o mar, quase gente, quase morte.

É quase luar, quase, é quase sorte

encontrar

uma lâmpada de néon no mar.

 

É quase Primavera, quase, quase madrugada.

É quase tombo certo quando desço esta calçada

que é quase, é quase amanhecer

é quase morte, é quase viver.

 

É quase loucura,

é quase destino, quase… é quase ternura

que este jardim sente.

 

É quase manhã, quase… é quase tormento

no destino do vento

em ser quase gente.

 

(Francisco)

12/04/2024

Loucamente

Loucamente te amei

quase louco te amei

e fiquei.

Loucamente inventavas

na folha alumínio da minha mão

círculos

paixões.

 

Insónias.

Diarreia

dores 

suores… 

loucamente te amei

e quase louco fiquei,

no entanto, às vezes, apetece-me amar-te novamente,

novamente louco

loucamente te amar.

 

(Francisco)

12/04/2024

Branca égua

Branca égua no silêncio acordar, salta sobre o mar a cobra com sua boca a arfar,

na sua boca semeia,

lança…

o veneno que me vai matar.

 

Branca égua no silêncio acordar,

que não acordará mais,

quando a este rio pertencer o lápis

e a vírgula,

a branca égua no silêncio acordar…

em despedida.

 

Branca égua no silêncio acordar, o sabre que esquarteja o vento

dentro de uma pirâmide de insónia,

branca é a égua,

no alimento

e na estória.

 

(Francisco)

12/04/2024

Só, este corpo esquelético, este corpo apedrejado

pela noite severa, se a lua me alegra,

eu direi que não

não me alegra esta lua.

 

Só, este corpo de papel, este corpo de palavras…

Que a noite devora, que a noite

inventa nas estrelas. Só, este corpo

que me entristece, neste corpo… que emagrece.

 

(Francisco)

Vida

É isto a vida,

mas, que vida?

Uma vida

não vivida,

não ter onde dormir

ou comer,

é isto a vida,

esta vida de viver?

 

Que vida,

que rica vida…!

Dormir no carro,

abrir o vidro,

olhar as estrelas…

Que rica vida, esta vida!

 

(Francisco)

12/04/2024

Lírios da tua noite

Quem são os lírios da tua noite, quantos são, os lírios da tua noite,

Quando imagino a tua noite, uma noite como tantas noites, um pouco diferente, da minha noite.

Como são, os lírios da tua noite, quando a tua noite é a parte feliz da lua, e a minha noite, é a parte escura da lua.

 

Como se chama, cada lírio da tua noite, como se sentam sobre o mar, cada um dos lírios da tua noite.

Quem são, quantos?

Os lírios, meu amor

da tua noite.

 

(Francisco – 12/04/2024)

quinta-feira, 11 de abril de 2024

Hoje não é sexta-feira

A cena passa-se numa esplanada.

uma mesa, quatro cadeiras,

apenas uma cadeira está desocupada,

estão sentados à mesa, um poeta, o migo do poeta e um livro de poesia

o poeta sorri e diz; está um lindo dia.

O amigo do poeta, diz; tenho mais dias infelizes, do que felizes, no final de cada mês,

e quanto ao livro de poesia,

folheava-se nos dedos da sombra.

 

A cena passa-se numa esplanada.

Um pedaço de sombra, dispara uma espingarda,

o livro de poesia, tomba no pavimentado chão.

O poeta, deita a mão ao peito, e exclama baixinho: já não tenho coração.

O amigo do poeta, ao ver toda aquela cena, levantou-se, puxou de um cigarro…

E deitou-se no chão como se fosse uma pedra, à procura de uma mão.

 

Então, depois do pôr-do-sol, os três homens levantaram-se, poisaram as mãos na algibeira,

alguém gritou;

fujam, fujam que hoje não é sexta-feira.

 

(Francisco)

11/04/2024

Por ti

Por ti

Oiço o Oceano Pacífico online, e por ti

Deixei de ouvir a TSF,

Não sei, irrita-me.

Por ti, oiço o Oceano Pacífico online, fecho os olhos, e sinto todo o mar dos teus olhos, a aproximar-se, dos meus olhos.

 

Fechos os olhos e estou sentado no jardim, finais de 80 e princípios de 90.

E por ti, agora, oiço

O afagar da tua voz quando os meus olhos te olham como se fosses o único raio de sol da manhã,

No entanto,

Oiço o Oceano Pacífico online.

 

Por ti

Oiço,

Que direi, a cada poema que eu escrevia no silêncio da sombra dos plátanos,

Tenho saudades, de quando me vestias de plátano, davas-me a mão…

E só acordávamos quando a tua mãe te perguntava

Quem era o poeta.

 

Por ti,

Oiço o Oceano Pacífico online…

E claro, eu só posso estar maluco

Quando o Oceano Pacífico online me traz uma Lisboa urbana, arranjadinha, traz-me um rio, putas, traz-me o mar e a Calçada da Ajuda.

Traz-me Belém.

Traz-me Santa Apolónia,

Santarém,

E trazia-me droga.

 

Oiço o Oceano Pacífico online, sou transportado em viagem acessória,

Com pouca bagagem,

Para um outro apeadeiro, que juro, jamais quero voltar;

E juro que rezo,

Nunca mais essa fotografia olhar.

 

Por ti,

Oiço…

Hoje.

O Oceano Pacífico online.

 

(Francisco)

11/04/2024

De ti me despeço liberto

De ti me despeço liberto

Coberto

Por este oiro amansado,

Me desculpem… mas sinto-me muito cansado

 

Do cansaço de me despedir.

Despeço-me e vou partir

E vou para onde o vento me levar…

Nem que o meu último destino, seja o mar.

 

De ti me despeço liberto

Na boca de um leão faminto

Libertino e sabedor do que está certo.

 

De ti me despeço liberto

Por ti estou neste labirinto…

Sem saber o que é correcto.

 

 

(Francisco)

11/04/2024

As palavras que os teus olhos me mentem

Imagino as palavras que os teus olhos me mentem, imagino as flores que têm nas mãos

me mentem, quando pincelam os meus lábios de desejo.

Imagino o corpo, o teu ou o meu, recortado em pequeninos cubos de gelo, imagino serem os teus olhos de amêndoa

um outro olhar.

 

Imagino o ondular do teu cabelo, em sorrisos, em alegria, imagino as palavras que gostarias de me dizer, que nunca as vais dizer, e

no entanto, imagino que dentro de ti, habita uma manhã com loiros cabelos.

Imagino o cigarro a despedir-se dos meus dedos, imagino o teu rosto

na minha janela.

 

Imagino esta sandes de fiambre, que me olha, a pedir-me clemência para não a comer

Mas eu preciso de comer. Eu tenho fome.

Imagino este pacote de leite com chocolate, que também me olha tal como a sandes de fiambre, a reclamar comigo

devido ao meu aspecto de desleixo.

 

Imagino as mentiras das tuas palavras, imagino o cosmos à procura de Deus, e Deus, a cagar para o assunto. Imagino o

poeta, deitado sobre a cama, a construir barcos em papel.

Imagino o sol, imagino a lua, nas mãos de uma criança…

 

Imagino as palavras que os teus olhos me mentem, imagino as flores que têm nas mãos

me mentem, quando pincelam os meus lábios de desejo

 

e um comboio assobia no meu peito!

 

 

(Francisco – 11/04/2024)

O vento

O vento rasga os pratos despidos e poisados sobre a mesa, o vento traz as bocas famintas

à noite que deixou de ser noite, e agora é apenas um pedaço de papel rasgado.

O vento obriga as bocas famintas a prostituírem-se no apeadeiro das estrelas, acreditando

que o vento é um sacana, que o vento é uma lâmina de sémen que perfura a madrugada, que lança

ao mar,

a saudade.

 

O vento é a tempestade do teu cabelo, e atira contra a janela de onde se vê o mar, as sementes da seara.

O mar é os teus braços, e as ondas do mar, são as tuas mãos de silêncio, que se envergonham com os meus olhos, quando acorda a manhã.

 

O vento é o sono. O vento é a Primavera clandestina dos teus lábios, se o cortinado da janela de onde se vê o mar, o deixar. No entanto

o vento

será sempre um sacana para o teu cabelo.

 

O vento poderá sempre mentir-me, mas quanto à noite, essa não é de mentiras…

Esta noite, a noite disse-me que sonhaste comigo!

 

 

(11/04/2024 / Francisco)

quarta-feira, 10 de abril de 2024

Já não te conheço

Já não te conheço dentro deste círculo de sono, já não te conheço

na tarde miserável que desce a avenida. Lençóis de prata enrolam-se ao teu pescoço

na tua boca,

uma ausência, uma mentira nos teus lábios.

 

Uma ânsia. Já não

te conheço dentro deste círculo de sono, e são os peixes que a visitam, todas as tardes,

este mergulho nas fragas que só a noite consegue alimentar,

que morra a ciência de calcular o perímetro do círculo, da tua insónia.

 

Se é que existe insónia nos teus lábios, que não acredito que exista, porque apenas os poetas sabem desenhar a insónia na vagina da lua. Toca o sino, talvez alguém tenha decidido partir, ir

até ao sono definitivo da vida.

Não me importava, também, de partir

de ir

Ir. Já não te conheço dentro deste círculo cansado de rodar em torno dos teus seios, até que alguém lhes grites, e lhes diga

Ir.

 

E eles foram.

Já não te conheço dentro deste triste e ausente círculo de sono, viciado em circunferências, e afins

E pequenas drageias que te enganam o sono.

Faço um cigarro, fumo-o, ergo-me e em silenciosos círculos, vou à tua procura. Subo as escadas até à primeira estrela, não estás lá.

Vou à segunda estrela, não estás lá.

Corro mais um pouco, e vou à terceira estrela, fico à porta, e penso

tu só estás quando é noite, e ainda está de dia.

 

Já não te conheço à janela onde poisas as mãos, já não te conheço dentro deste círculo de sono, dentro desta área indefinida, formatada por bites e bites de desejo.

Já não te conheço dentro deste disco rígido, já não te conheço que te conheço,

porque habitas dentro deste portátil; que tão bem conheço.

Já não te conheço,

E tenho medo de que me digam…

Que te conheço.

 

Já não te conheço dentro deste círculo de sono, já não te conheço

na tarde miserável que desce a avenida. Lençóis de prata enrolam-se ao teu pescoço

na tua boca,

uma ausência, uma mentira nos teus lábios,

que eu tão bem conheço.

 

(Francisco – 10/04/2024)

Carta de amor à Primavera

Meu amor!

Se é que eu posso tratar-te por meu amor, ou por minha queria ou por minha flor, ou por meu perfume…

Desenhei os versos da tua noite, na minha noite, embalado no mortífero desejo de te abraçar, quando tu, não passas de uma árvore frágil e dócil. Se é que eu posso tratar-te por meu perfume, juntinho à fogueira dos meus livros, juntinho à tinta derramada pelos meus dedos.

Meu amor!

As palavras são rosas e as vírgulas, são espinhos; por isso te envio tantas rosas!

Dizer-te que te amo e que não acredito que um dia me ofereças algumas das tuas rosas, porque o silêncio é a tua voz...

Dizer-te que um dia, quando leres esta carta, não existirá mais Primavera, tão pouco flores, tão pouco eu…

Meu amor!

Se é que eu posso tratar-te desta forma, dizer-te que a noite é um desejo de ver-te pincelada nos meus olhos, mas não passa de um desejo, tão pouco apareces pincelada nos meus olhos.

Esta noite vi um tigre a brincar com o teu cabelo de sono, algum tempo depois, o teu cabelo de sono e o tigre, dormiam, profundamente na minha mão.

Dizer-te que o café que tiro às seis da manhã, quando acordo, às vezes está amargo, às vezes, está zangado

Por eu te amar, minha doce Primavera.

 

 

(10/04/2024 / Francisco)

Madrugada

Saboreia o teu primeiro beijo olhar, bebe o teu primeiro café ensonado, como tu, embrulhado durante a noite na manta da insónia.

Saboreia o primeiro raio de luz, a primeira décima centígrada da manhã,

Saboreia o silêncio dos plátanos, e saboreia

O perfume dos meus olhos.

 

Saboreia o cigarro em cio, que ao acordar fode o meu pulmão, e depois oiço-lhe os gemidos de prazer

Saboreia o livro que estás a ler,

Não sabendo eu se gostas de ler ou se sabes ler…

Saboreia o cinzento dia, saboreia o banco de jardim onde te sentavas a escrever poesia

E depois ficavas entretida a lançá-la ao mar e a quem passava;

Que giro, ver as pessoas embriagadas de poesia.

 

Saboreia o ano de mil novecentos e noventa, saboreia a procissão e os anjinhos, saboreia as flores, e as minhas mãos

Acabadinhas de acordar. Saboreia

O mar

E a lua

E o luar.

Saboreia a infância de uma árvore, quando criança, como as árvores, estão apaixonadas pelo silêncio.

 

Saboreia que eu queira saborear, uma réstia de pétala, um pedacinho dos teus lábios

Sitiados nos meus lábios.

Saboreia o espaço e a luz e a escuridão, saboreia o cofre onde guardas o teu coração, saboreia

Os versos e os restantes minutos que faltam para eu morrer.

 

Saboreia o meu esqueleto, quase invisível, quase água, e desajeitado como barcaça, que atravessa o mar do teu corpo. Saboreia o desejo de eu me sentar naquele fino fio de nylon, que atravessa a tua boca

Saboreia em quantas partes se divide o corpo, e se multiplica o poema. Saboreia a fome que um poema pode causar no olhar de um poeta, ou nas mãos de sua amada.

Saboreia a tarde,

Saboreia a madrugada…

 

 

(10/04/2024 / Francisco)

Se me sento

Se me sento

durmo sobre os teus

seios. Se me sento e trago comigo a insónia da noite anterior, que já morreu por hoje, que voltará logo, ressuscitada, como uma flor nos lábios da madrugada.

 

Se me sento

Durmo na tua boca

Aqui; o que faço eu nos teus olhos!

 

Se me sento

durmo

sobre os teus lábios, visto-me de invisível poema e leio-me aos teus olhos aquilo que a noite deixou no meu coração. Pincelado, sejas, cansaço colorido nas mãos do mar.

 

O que faço, se me sentar e dormir no teu cabelo…; que este dia seja o dia mais lindo dos teus olhos…

 

(Francisco

10/04/2024)