quarta-feira, 10 de abril de 2024

Carta de amor à Primavera

Meu amor!

Se é que eu posso tratar-te por meu amor, ou por minha queria ou por minha flor, ou por meu perfume…

Desenhei os versos da tua noite, na minha noite, embalado no mortífero desejo de te abraçar, quando tu, não passas de uma árvore frágil e dócil. Se é que eu posso tratar-te por meu perfume, juntinho à fogueira dos meus livros, juntinho à tinta derramada pelos meus dedos.

Meu amor!

As palavras são rosas e as vírgulas, são espinhos; por isso te envio tantas rosas!

Dizer-te que te amo e que não acredito que um dia me ofereças algumas das tuas rosas, porque o silêncio é a tua voz...

Dizer-te que um dia, quando leres esta carta, não existirá mais Primavera, tão pouco flores, tão pouco eu…

Meu amor!

Se é que eu posso tratar-te desta forma, dizer-te que a noite é um desejo de ver-te pincelada nos meus olhos, mas não passa de um desejo, tão pouco apareces pincelada nos meus olhos.

Esta noite vi um tigre a brincar com o teu cabelo de sono, algum tempo depois, o teu cabelo de sono e o tigre, dormiam, profundamente na minha mão.

Dizer-te que o café que tiro às seis da manhã, quando acordo, às vezes está amargo, às vezes, está zangado

Por eu te amar, minha doce Primavera.

 

 

(10/04/2024 / Francisco)

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