Imagino as palavras que os teus olhos me mentem, imagino as flores que têm nas mãos
me mentem, quando pincelam os meus
lábios de desejo.
Imagino o corpo, o teu ou o meu,
recortado em pequeninos cubos de gelo, imagino serem os teus olhos de amêndoa
um outro olhar.
Imagino o ondular do teu cabelo, em
sorrisos, em alegria, imagino as palavras que gostarias de me dizer, que nunca
as vais dizer, e
no entanto, imagino que dentro de ti,
habita uma manhã com loiros cabelos.
Imagino o cigarro a despedir-se dos meus
dedos, imagino o teu rosto
na minha janela.
Imagino esta sandes de fiambre, que me
olha, a pedir-me clemência para não a comer
Mas eu preciso de comer. Eu tenho fome.
Imagino este pacote de leite com
chocolate, que também me olha tal como a sandes de fiambre, a reclamar comigo
devido ao meu aspecto de desleixo.
Imagino as mentiras das tuas palavras,
imagino o cosmos à procura de Deus, e Deus, a cagar para o assunto. Imagino o
poeta, deitado sobre a cama, a construir
barcos em papel.
Imagino o sol, imagino a lua, nas mãos
de uma criança…
Imagino as palavras que os teus olhos me
mentem, imagino as flores que têm nas mãos
me mentem, quando pincelam os meus
lábios de desejo
e um comboio assobia no meu peito!
(Francisco
– 11/04/2024)
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