quinta-feira, 11 de abril de 2024

As palavras que os teus olhos me mentem

Imagino as palavras que os teus olhos me mentem, imagino as flores que têm nas mãos

me mentem, quando pincelam os meus lábios de desejo.

Imagino o corpo, o teu ou o meu, recortado em pequeninos cubos de gelo, imagino serem os teus olhos de amêndoa

um outro olhar.

 

Imagino o ondular do teu cabelo, em sorrisos, em alegria, imagino as palavras que gostarias de me dizer, que nunca as vais dizer, e

no entanto, imagino que dentro de ti, habita uma manhã com loiros cabelos.

Imagino o cigarro a despedir-se dos meus dedos, imagino o teu rosto

na minha janela.

 

Imagino esta sandes de fiambre, que me olha, a pedir-me clemência para não a comer

Mas eu preciso de comer. Eu tenho fome.

Imagino este pacote de leite com chocolate, que também me olha tal como a sandes de fiambre, a reclamar comigo

devido ao meu aspecto de desleixo.

 

Imagino as mentiras das tuas palavras, imagino o cosmos à procura de Deus, e Deus, a cagar para o assunto. Imagino o

poeta, deitado sobre a cama, a construir barcos em papel.

Imagino o sol, imagino a lua, nas mãos de uma criança…

 

Imagino as palavras que os teus olhos me mentem, imagino as flores que têm nas mãos

me mentem, quando pincelam os meus lábios de desejo

 

e um comboio assobia no meu peito!

 

 

(Francisco – 11/04/2024)

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