O vento rasga os pratos despidos e poisados sobre a mesa, o vento traz as bocas famintas
à noite que deixou de ser
noite, e agora é apenas um pedaço de papel rasgado.
O vento obriga as bocas
famintas a prostituírem-se no apeadeiro das estrelas, acreditando
que o vento é um sacana,
que o vento é uma lâmina de sémen que perfura a madrugada, que lança
ao mar,
a saudade.
O vento é a tempestade do
teu cabelo, e atira contra a janela de onde se vê o mar, as sementes da seara.
O mar é os teus braços, e
as ondas do mar, são as tuas mãos de silêncio, que se envergonham com os meus
olhos, quando acorda a manhã.
O vento é o sono. O vento
é a Primavera clandestina dos teus lábios, se o cortinado da janela de onde se
vê o mar, o deixar. No entanto
o vento
será sempre um sacana
para o teu cabelo.
O vento poderá sempre
mentir-me, mas quanto à noite, essa não é de mentiras…
Esta noite, a noite
disse-me que sonhaste comigo!
(11/04/2024 / Francisco)
Sem comentários:
Enviar um comentário