quinta-feira, 11 de abril de 2024

O vento

O vento rasga os pratos despidos e poisados sobre a mesa, o vento traz as bocas famintas

à noite que deixou de ser noite, e agora é apenas um pedaço de papel rasgado.

O vento obriga as bocas famintas a prostituírem-se no apeadeiro das estrelas, acreditando

que o vento é um sacana, que o vento é uma lâmina de sémen que perfura a madrugada, que lança

ao mar,

a saudade.

 

O vento é a tempestade do teu cabelo, e atira contra a janela de onde se vê o mar, as sementes da seara.

O mar é os teus braços, e as ondas do mar, são as tuas mãos de silêncio, que se envergonham com os meus olhos, quando acorda a manhã.

 

O vento é o sono. O vento é a Primavera clandestina dos teus lábios, se o cortinado da janela de onde se vê o mar, o deixar. No entanto

o vento

será sempre um sacana para o teu cabelo.

 

O vento poderá sempre mentir-me, mas quanto à noite, essa não é de mentiras…

Esta noite, a noite disse-me que sonhaste comigo!

 

 

(11/04/2024 / Francisco)

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