Aceitamos donativos desde
0,01€
O poeta miserável e libertino precisa de
terminar a licenciatura
e
sobreviver
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O poeta miserável e libertino precisa de
terminar a licenciatura
e
sobreviver
O que somos, quando não somos
Aquilo que somos
Quando querem que sejamos
Ou quando somos menos aquilo que
queremos ser
E eles, querem que tu o sejas.
Não quero ser, aquilo que não possa ser
E se somos alguma coisa sem o saber
Que seja breve, o ser
E o saber
E o beber.
E já agora, que seja breve
O morrer.
O que somos, então?
Somos pedra,
Somos pão,
Somos migalhas…
Perdidas no chão.
O que somos, quando não somos
Aquilo que somos,
E confundem-te com uma borboleta com
bolinas encarnadas… nas asas.
O meu corpo é um farrapo de insónia
os meus ossos são pedaços de tristeza,
que voam sobre as lápides da madrugada
o meu corpo gagueja, inventa manhãs de
alegria, em palavras
ou em outras madrugadas
o meu corpo é um farrapo mergulhado na
dor
é uma estrela negra, e fria
e não vê os sapientes da noite.
O meu corpo é um líquido comestível, ou
bebível
ou apenas poético.
O meu corpo é uma charrua que lavra o
vento
quando a chuva cai na eira de Carvalhais.
O meu corpo…
Não, eu já não tenho corpo.
muito tempo levou a saudade, muito tempo deste pouco tempo
inventaram a saudade,
e eu, morro de saudade
morro de saudade, da
minha infância
morro de saudade, do meu
pai
morro de saudade, de
muita saudade, da minha mãe
morro de saudade, de
quando dormia, sem saudade
muito tempo levou a
saudade, e hoje, sou duzentos e seis ossos de saudade
Era uma vez uma palavra
Uma lágrima disfarçada de manhã
Que não tinha nada...
Era uma madrugada na luz do silêncio.
Era uma vez um grito na boca da paixão
Que se vestia de noite
Uma palavra que alguém esqueceu sobre o teu corpo
E nos teus olhos, a luz do silêncio.
E a luz revolta-se nos teus lábios...
Ribadouro, 12/05/2024
Das palavras o complexo de espuma sobre o teu corpo
Madrugada não determinada
Pelo cansaço dos teus olhos
A primeira lágrima da manhã
A cidade desapareceu da minha mão
E levou com ela todas as flores e todas as pessoas
E só ficaram as crianças
E o mar
Das palavras um pouco de mim
Corredor da tristeza
Há uma estrela pertinho da lua...
E este complexo de espuma acaba de morrer.
Ribadouro, 11/05/2024
Um pouco mais de azul na tua voz
Um pouco mais de silêncio nos teus olhos
Um pouco mais de luz
Muito mais, nos teus lábios.
Um pouco mais de tudo
Um pouco mais de azul na tua boca
Que traz o mar para ver o mar...
No mar do teu olhar.
Um pouco mais
Que seja qualquer coisa sem nome
No pouco mais de que tenho
Ouvir o azul da tua voz.
Sinto-me poema, palavra semeada na alvorada
Não me sinto e
Sou
Um pedaço de espuma para fazer um outro dia
Não me lembro e
Sou
A montanha que procura a mãe.
Sinto-me e não o sou
Talvez às vezes, o seja
Jardim clandestino das noites de Primavera.
Sinto-me poema
Fera
Amansada pela manhã
Sou e não me sinto
Noite.
Não me sinto estrela, e talvez o seja
Quando os teus olhos me olham e os teus olhos são
Estrelas.
Sinto-me poema, palavra semeada
Na mão da tua alma
Nos lábios de minha amada.
são as flores que te enviei
as primeiras lágrimas do amanhecer
são as flores que te dei
as palavras do meu viver
são as flores a poesia
neste livro de escrever
neste livro sem dia
sem dia para morrer
são cerejas os teus olhos de amêndoa
são primaveras são pedacinhos de ti
os silêncios de luz na noite passada
as palavras meu amor
também são cerejas envenenadas
são feitiço os teus seios de veneno
eles estão em perfeito delírio
e há uma palavra de um pequeno abraço
no feitiço do rio
são cerejas os teus olhos
são diamantes de pluma madrugada
são os palhaços no sorriso de uma criança
são os teus olhos em cereja
na amêndoa amanhecer...
olhar-te e tocar-te
às vezes, às vezes no pouco que durmo,
acordo sobressaltado e penso que estou nos teus braços
fico triste
não queria mais voltar aos teus braços…
não quero mais amar-te
30 anos depois da última vez que te
abracei loucamente e amei, recordo-te, tenho-te medo e muito respeito
mas se um dia me suicidasse, era nos
teus braços que o queria fazer
a heroína é uma merda
(obrigado; pai, mãe e Dr. Luís Castelo Branco)
outra galáxia com muitos
sonhos para fazer um outro dia
estrelas de espuma para a manhã
e o meu sono acorrentado não tem uma porta aberta para o chão
peço para fazer um desenho sobre a mesma hora
e sei que alguém esqueceu de abrir a morte do silêncio
outro mar engole o meu beijo
outro dia que não tem uma palavra para mim
outro dia que se esquece de acordar às nove horas para fazer um insecto
e voar até às sílabas dos teus lábios
outra galáxia de vidro e só
o meu corpo oceano está envergonhado
apetece-me correr e desistir de sentir o abismo
depois procuro o silêncio da paixão
sabendo que não dormem as borboletas no meu sonho
o dia, morre
o teu sorriso, acorda
Ribadouro, 08/05/5024
drag
queen ela é uma lágrima que alguém tem escondida no olhar
ela é dor na cabeça de uma palavra
ela é desejo que apenas a noite consegue desventrar
ela é a flor
que a mesma noite de há pouco
sabe amar
drag queen ela esconde-se no peito suado de um amante
inventado
ela é a espuma que semeia no mar
o sexo
e a boca
ela é a paixão de quem tem uma palavra para o luar
drag queen ela é a única pessoa que não tem nada
abraça-se a amores proibidos
e ela é um sorriso que não tem uma lágrima
ela é a cigarra que dança e a noite que começa
ela é drag queen ela é uma ribeirinha que não tem uma porta de entrada
nem uma janela para ver o silêncio
ela é
uma espingarda de espuma na boca da vagina
é uma ranhosa que não tem janelas para o mar
mau feitio de espuma para fazer um desenho abstracto
no meu quarto
é uma ranhosa mas tem nos olhos os dois lados da manhã
e ela é lindíssima
e tem nos lábios o desejo
e só tem uma lágrima de luz na boca
é uma tristeza de ranhosa
que de ranhosa a casa está ausente
que tem estrelas no sorriso
é uma ranhosa de lágrima para a morte
se a morte é uma cabra
se a morte é uma ranhosa
de mau humor
a videira sangra o beijo
na sua boca tem mil primaveras entre sílabas e mortos
que têm medo que alguém se disfarce de sonâmbulo quando a noite é uma cabra de
insónia com sabor a chocolate
a videira conhece cada socalco de desejo que aponta os braços para o rio douro
o poeta não se confunde com as palavras
o poeta ama as palavras e só tem janelas para o rio
a videira é lágrima quando a primavera se masturba no próximo apeadeiro de luz
o comboio é um sorriso lindo e só tem uma palavra na ponta do silêncio...
a linha férrea cessa de amar
porque a videira o súplica e lança para a lua pedacinhos de espuma...
os barcos não amam mais este oceano
o sapato é um submarino de vácuo quando forem 9 horas para a manhã
terminar
despede-se da paixão confundindo a terra com o teu nome
desenha flores para fazer um bolo
escreve sapato na garagem
e a garagem não tem janelas
porque é um caixote vestido de sono
a terra é a charrua que lavra a vida
é o poema no jardim do silêncio
e o sapato sempre debaixo da terra mineral que alguém deixou no carro
nos olhos do sapato a morte é um insecto
que nunca sabe o nome do teu cabelo
na tarde da tua vagina um silêncio de espuma
cânfora manhã na despedida do meu beijo
sapato submarino de vácuo para fazer um outro mundo
outra galáxia com muitos sonhos
e só tenho uma lágrima de uísque...