sexta-feira, 12 de abril de 2024

É este o amor

É este, o amor, sentido proibido da noite,

há um semáforo, está encarnado, e o amarelo é uma vertigem, uma imagem interrompida pelas ondas do mar.

É este, o amor, suicídio complexo, quando o poeta corta o pulso, e em vez de sangue, há um jorro de sílabas, estão tontas,

e apaixonadas.

 

Há uma vírgula que beija loucamente um ponto de interrogação, e este, com ar de gozo,

tu me amas?

Que dirá a vírgula, quando a única e despedida palavra

É SIM.

 

É este o amor, de te amar e de me querer esconder

sobre a árvore junto ao rio,

é este o sono, é este o amor, miserável viver, escrever

escrever sobre o mar.

 

É este o amor, este sentido proibido da noite,

milhões de vidas, para quase meia dúzia de corpos,

e duas ou três bocas.

É este, é este o amor, milagre invisível das flores solteiras, há uma lágrima dentro deste amor, há uma espada que se crava a cada rotação da terra, é funda, tão funda a margem deste rio.

 

(Francisco, 12/04/2024)

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