domingo, 29 de julho de 2018

Nesta casa


Nesta casa não conheço a tua pessoa,

Nesta casa despede-se a paixão das estrelas sem nome…

Como um relógio abandonado,

 

Nesta casa deixou de haver alegria,

E todas as janelas se transformaram em grandes,

Revoltadas,

Cinzentas,

 

Nesta casa habita a saudade,

Da tua pessoa,

 

Em cada final de tarde,

 

Nesta casa não conheço a tua pessoa,

Apenas sombras de papel suspensas nas paredes,

E um sorriso submerso na minha infância…

 

Em cada dia,

 

Em cada tristeza.

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 29/07/18

domingo, 22 de julho de 2018

O suicídio de uma caneta



E assim me suicido com a bala disparada de uma caneta,
Cada palavra, um sonho,
Cada sonho, um poema transfigurado pela manhã,
O sangue passeia-se sobre a secretária,
E sinto os cheiros da minha infância…
 
 
Francisco Luís Fontinha
22/07/18


sábado, 14 de julho de 2018




O sol, hoje, não acordou, da timidez do sonho renasce o sono desassossegado do movimento pendular da saudade, o riso adormecido, a chuva miudinha quando te invade as coxas de lã, e sinto-me um pedaço de poema envelhecido numa rasurada folha de papel…

 

 

Francisco Luís Fontinha

14/07/2018


domingo, 8 de julho de 2018

A fuga


Navego no teu sorriso como um louco pássaro,

O sal mistura-se na tua mão com a areia fina da saudade,

E perco-me no teu olhar…

Depois do pôr-do-sol.

 

Descalço-me,

Lanço-me ao rio…

E sinto o meu corpo em fuga em viagem até à morte.

 

Sou apenas uma serpente envenenada pela escuridão…

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 08/07/2018

domingo, 1 de julho de 2018




Todas as tardes te encontro
Nesta desassossegada tarde de Inverno,
Invento a chuva que humedece os teus lábios,
Abraço-te como se fosses a última árvore da floresta…
Na tempestade dos sonhos.
 
 
Francisco Luís Fontinha
1/07/2018