Tenho na sombra do
sono
um pilar de areia
uma casa em ruínas
sem telhado
sem braços
sem cabeça
tenho na sombra do
sono
o cansaço das
palavras
o sorriso do poema
enquanto o poeta
gagueja
sofre
e sofre
(sem braços
sem cabeça
sem telhado)
os olhos da serpente
fingindo corações
de luz
como charcos de lama
sapateando junto ao
mar
e eu
na sombra do sono...
inventado papéis de
amar
comestíveis
ao pequeno-almoço
(sem braços
sem cabeça
sem telhado)
este poema disparado
pela mão do
sofrimento
levanto-me da
insónia
pensando que já
acordou o dia
levanto-me do dia...
acreditando que já
é noite
escura
húmida
e vagabunda...
Francisco Luís
Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 5 de
Março de 2015
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