quinta-feira, 21 de abril de 2022

As andorinhas do meu País

 

Onde poisam as andorinhas

Do meu país!

Onde brincam os poetas

Do meu País!

Onde habitam

As pedras do meu País!

 

Onde estão os sonhos do meu País!

 

E bebo deste rio

A saudade do meu País,

E alicerço no meu olhar

A revolta do meu País,

 

E sonho com as madrugadas

Do meu País…

 

Todos os dias!

A todas as horas!

 

Onde poisam as andorinhas

Do meu país,

Que no papel amarrotado

Escrevo ao meu País,

E enquanto pinto este rio,

Uma enxada,

Despede-se do meu País;

Com fome. Com sede.

 

E sonho com as madrugadas

Do meu País…

E sonho com os rios

Do meu País.

 

E esta andorinha que não voa,

Porque no meu País

Roubaram as madrugadas,

Porque no meu País,

Roubaram as palavras,

Porque no meu país já somos poucos… ou quase nada.

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 21/04/2022

segunda-feira, 18 de abril de 2022

Instantes

 

Instantes,

Imagens que passeiam na madrugada,

Sombras de fino néon

Nas mãos de uma criança.

Instantes,

Pequenas palavras que dançam

No caderno da solidão.

Instantes,

Quando o silêncio é crucificado na montanha do desejo.

Instantes,

Pequenos nadas

Nos lábios da alvorada.

 

 

Francisco Luís Fontinha

Alijó, 18/04/2022