domingo, 14 de fevereiro de 2021

A paixão dos beijos

 

Tínhamos nas mãos a paixão

Dos beijos.

A clorofila entre silêncios e insónias

Das palavras desertas,

Nos rochedos, oiço a voz da madrugada

Resiliente,

Cansada.

Tínhamos no olhar

O eterno clarão

Dos desejos,

Os poemas envenenados pela paixão

Começam a dormir,

Docemente,

Sobre a secretária da solidão.

Tínhamos nas mãos

O corpo molhado do mar,

Todas as marés e,

Todos os barcos em papel.

Tínhamos nas mãos o vento

Que trazia o Norte,

A fadiga

A má-sorte.

Tínhamos o cansaço dos abraços e,

Dos pincelados beijos sombreados

Uma fotografia tua,

Dançando nos meus lábios.

Tínhamos os dedos entrelaçados,

Como duas crianças a brincar,

Deitávamo-nos na areia envergonhada

Até que a noite nos vinha buscar.

Tínhamos tudo e,

Não sabíamos que o mar

É a nossa casa.

O amor escreve-se nos teus lábios,

Como uma cancela a boiar no rio…

Pego-te; amanhã saberás que as palavras

São poemas. Amanhã saberás que as palavras

São mãos absorvidas pela paixão.

E, mesmo assim, estas palavras, esta paixão,

São poemas que saem da minha mão.

Tínhamos o Sol,

As nuvens que governam a terra,

Tínhamos as palavras,

Nas palavras teus beijos.

 

 

Francisco Luís Fontinha, Alijó 14/02/2021

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Insónia de viver

 

Escrevo o teu nome

Nas arcadas do pensamento,

Grito. Fico com fome

Das palavras alimento.

 

Os beijos desenhados

Na tua perfeita mão,

São abraços cansados

Que ardem no coração.

 

Tenho nas palavras abençoadas

A insónia de viver;

Do medo às caminhadas,

 

Quando o teu perfume

Me obriga a escrever.

Meu amor! Salva-me deste maldito lume,

 

Onde eu tenho de adormecer.

 

 

 

Francisco Luís Fontinha, Alijó 12/02/2021