Tínhamos nas mãos a
paixão
Dos beijos.
A clorofila entre
silêncios e insónias
Das palavras desertas,
Nos rochedos, oiço a voz
da madrugada
Resiliente,
Cansada.
Tínhamos no olhar
O eterno clarão
Dos desejos,
Os poemas envenenados pela
paixão
Começam a dormir,
Docemente,
Sobre a secretária da
solidão.
Tínhamos nas mãos
O corpo molhado do mar,
Todas as marés e,
Todos os barcos em papel.
Tínhamos nas mãos o vento
Que trazia o Norte,
A fadiga
A má-sorte.
Tínhamos o cansaço dos
abraços e,
Dos pincelados beijos
sombreados
Uma fotografia tua,
Dançando nos meus lábios.
Tínhamos os dedos
entrelaçados,
Como duas crianças a
brincar,
Deitávamo-nos na areia
envergonhada
Até que a noite nos vinha
buscar.
Tínhamos tudo e,
Não sabíamos que o mar
É a nossa casa.
O amor escreve-se nos
teus lábios,
Como uma cancela a boiar
no rio…
Pego-te; amanhã saberás
que as palavras
São poemas. Amanhã saberás
que as palavras
São mãos absorvidas pela
paixão.
E, mesmo assim, estas palavras,
esta paixão,
São poemas que saem da
minha mão.
Tínhamos o Sol,
As nuvens que governam a
terra,
Tínhamos as palavras,
Nas palavras teus beijos.
Francisco Luís Fontinha,
Alijó 14/02/2021
Sem comentários:
Enviar um comentário