terça-feira, 17 de novembro de 2015

Indefesa árvore que me protege


Tudo ou nada

Nada de tudo

Tudo de mim

Desde a árvore indefesa que me protege

E habita o meu jardim

Até ao rochedo invisível que caminha comigo

Quando cresce a noite

E adormece o dia nos teus olhos

Tudo ou nada

E nada tenho

De mim

Nada de tudo

Assim, como as flores que choram junto à minha lápide

E nunca perceberam o significado da palavra “chorar”

Tudo

Avassalador

Triste

Tudo consumido na fogueira da paixão

De nada ter

E de tudo perder

Tudo ou nada

Nada de tudo

Assim

De mim

Sem o saber.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

terça-feira, 17 de Novembro de 2015

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

os cabelos da alvorada


esconde-se o corpo no tapete nocturno da solidão

as cânforas manhãs do desassossego libertam-se das amarras

a liberdade acorda

todas as flores são livres

e todos os pássaros voam sobre os cabelos da alvorada

o olhar da serpente brinca num longínquo quintal abandonado

onde uma criança

também ela livre…

sonha com barcos em papel e estrelas coloridas

o corpo nunca teve medo

a não ser da solidão

que é a única prisão que amedronta o homem sem corpo…

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

segunda-feira, 16 de Novembro de 2015

domingo, 15 de novembro de 2015

luminosidade abstracta da noite


a tempestade de silêncios que adormece no meu peito

enquanto tu, meu amor, gritas o meu nome entre os rochedos do inferno

a sombra dos teus lábios

o cansaço das tuas mãos

me adormecem

e me fazem fugir para a montanha imaginária

a fuga

a tempestade de silêncios que há em ti

e só agora percebi

a luminosidade do teu olhar

quando não cresce a noite

na minha solidão

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

domingo, 15 de Novembro de 2015

sábado, 14 de novembro de 2015

musseque da esperança


este rio de sangue

em direcção ao musseque da esperança

o cacimbo envergonhado na solidão

o triste amanhecer esperando nas mãos da manhã

um novo dia a acordar

novas palavras prontas para a vida

um livro sobre a secretária no silêncio a arder

nos teus lábios

junto ao mar

um barco amarrado aos teus braços

neste rio de sangue…

… impossível de zarpar

Sonhar

E crescer

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

sábado, 14 de Novembro de 2015

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

o sofrer no corpo do sofrido


o viver do sofrer

no corpo do sofrido

a partida de um amigo

querido

sem fronteiras as imagens do silêncio

querendo fugir da multidão

quando ele


sente-se acorrentado ao luar

e tem não mão

uma rosa em papel

e tem nos lábios

um beijo de amanhecer

o viver

do sofrer

no corpo clandestino do sofrido…

o querer

não o poder

viver

sem ter

de mendigar o corpo do amigo

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

sexta-feira, 13 de Novembro de 2015