quinta-feira, 4 de junho de 2015

Desenhos do luar adormecido


Invento desenhos

Nas paredes negras do sonho,

Acorrento o sono aos socalcos inanimados da minha vida,

Procuro a cidade prometida,

E apenas encontro lápides em xisto

E ruas esverdeadas

Com sabor a lágrimas,

Invento desenhos

Nas paredes cinzentas dos teus lábios,

Escrevo palavras na tua pele artificial

Enquanto ainda há luar

E estrelas no céu para pintar,

 

Depois,

Olho-me no espelho da solidão,

Sou feliz sem ninguém…

Porque as pessoas à minha volta,

Irritam-me,

E sinto saudades do meu velho cão,

Sempre sorridente,

Sempre… em silêncio,

Olhava-me

E percebia nele as palavras que te escrevo,

Porque ele,

Nada me perguntava,

 

Apenas me olhava

E nada mais do que isso,

 

E nada mais do que isso…

 

Apenas me amava sem o saber.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quinta-feira, 4 de Junho de 2015

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Tarde vaiada


A tarde vaiada no silêncio do adeus,

Há sempre uma partida,

Sem despedida,

Alguma,

Ou… ou nenhuma

Canção de embalar,

Há sempre uma palavra

Amiga,

Amarga,

Desempregada…

Sem… sem desenhos para desenhar,

A tarde,

 

Só,

Entre as paredes dos plátanos envelhecidos,

E gritam,

Às vezes…

Enfurecidos,

As pálpebras cinzentas da madrugada,

 

Mas da tarde vaiada…

Não sobra nada,

 

Nada.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Quarta-feira, 3 de Junho de 2015

terça-feira, 2 de junho de 2015

Livro em sofrimento


O suicídio milimétrico do corpo

Contra os filamentos invisíveis das palavras,

 

Há sempre um livro em sofrimento,

Um poeta acorrentado a uma sombra,

Lá fora inventa-se o sol,

Como se ele…

Como se ele fosse o silêncio da vida,

Não sei porque morrem as palavras

No canto esquerdo do meu caderno…

Mas morrem.

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Terça-feira, 2 de Junho de 2015