segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Página em branco


É esta página em branco que te acompanhará,
regressarei ao meu destino,
como em menino...
triste por partir,
amanhã vou sorrir...
porque vou zarpar,
os outros que transportam as sílabas de luz no olhar,
serão recordados,
amados,
é esta página em branco que te acompanhará...
como uma casa construída de pálpebras castanhas
e janelas de silêncio,

O Oceano será o meu aconchego,
a minha Pátria,
porque dizem que sou um apátrida,
pois... não nasci em Portugal...
também não sou Angolano,
sou um cidadão filho do mar,
porque os nascidos antes de 11/11/1975... não são Angolanos,
é esta a página em branco que te acompanhará...
sem lágrimas,
não enrugada,
e sempre sorridente,
como a alvorada,



Francisco Luís Fontinha – Alijó
Segunda-feira, 10 de Novembro de 2014

domingo, 9 de novembro de 2014

A morte em seu regressar


A morte em seu regressar
palmilhando aventuras
despedindo a dor e o sofrimento
a morte em seu regressar
das catacumbas da insónia
há nas tuas pálpebras de amêndoa
um poema embebido em lágrimas
há nos teus ossos a sinfonia da partida
a morte... a morte sem melodia
perdes-te na cidade
andas descalço até tombares no chão
como um soldado... como um canhão,

Não gritas
não inventas desculpas para a tua viagem
nada levas
tudo em ti pertence à poeira
e ao cansaço de viver
a morte em seu regressar
entre nocturnos pássaros
e desnudas nuvens de incenso
a morte... a morte da palavra
quando todo o papel arde na tua mão...
e tu... e tu sem nada dizeres
impávido... olhas-te no espelho... e constróis sorrisos de vidro!



Francisco Luís Fontinha – Alijó
Domingo, 9 de Novembro de 2014

Desalmado


O amor é uma merda!
Amo
desalmado...
desejo,
não sou desejado,

Leio
escrevo... e fodo
inventado palavras, desenho barcos na tua pele,
e mesmo assim... som infeliz,
ausente,
às vezes para ti...

O amor é uma merda!
Amo
desalmado...
em pedra
como a cinza do teu olhar...

Amo-te, amo-te... E depois?


Francisco Luís Fontinha
Domingo, 9 de Novembro de 2014