sexta-feira, 12 de setembro de 2014

O apeadeiro da solidão


Encurvado,
o maligno cansaço entre as montanhas da dor,
lá longe o rio embalsamado procurando o luar,
desce a nuvem do sofrimento sobre a madrugada,
há lápis de cor embrulhados em pergaminhos transparentes...
começa a noite,
e encurvado... o apeadeiro da solidão,
só,
enlatado numa caixa de sapatos,
o mórbido alimento dos pássaros sem asas,
há tristeza nos teus olhos,
só,
há lâminas de silêncio onde habitam lágrimas de néon,
a cidade perde-se na algibeira nocturna das amendoeiras em flor,
e só...
vejo o apeadeiro da solidão desfalecer junto à ponte.


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Sexta-feira, 12 de Setembro de 2014

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Nome lapidado...


Não digas o meu nome,
nunca...
rasga-o e lança-o ao vento,
não digas o meu nome na vã esperança,
porque o cansaço alimenta...
e a noite come os êmbolos do meu silêncio,
sou uma máquina em aço laminado,
o meu esqueleto é composto por rodas dentadas,
roldanas...
e milímetros de fio desengonçado,
não,
não digas o meu nome,
amanhã acordarei?
sem nome,
idade,
altura...
amanhã nunca,
o meu nome lapidado...


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quinta-feira, 11 de Setembro de 2014

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Malmequeres sem nome...


Tinha o odor dos teus lábios nos meus lábios,
uma tempestade de silêncio... levou-o...
o vento absorveu os teus cabelos,
que se passeavam no jardim dos plátanos,
senti a morte nos meus braços,
desfaleci... e aos poucos via-me dentro do espelho da saudade,
gritei...
e ninguém me ouvia,
até que desceu do luar um sorriso de nada,
agarrou-me,
fortemente conta o seu olhar...
e hoje... e hoje pertenço aos malmequeres sem nome...


Francisco Luís Fontinha – Alijó
Quarta-feira, 10 de Setembro de 2014