segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Espelho da insónia

Olho-me no espelho da insónia
E pergunto-me
E pergunto-me que farei amanhã
Quando acordarem sobre mim os sonhos de hoje
Pergunto-me porquê
(Lágrimas no sorriso dos pedacinhos de xisto
Adormecidos na noite
Quando todos os relógios fingem dormir
Sobre um ramo de flores
Junto ao rio)
Pergunto-me quem serei amanhã
E o espelho da insónia responde-me alegremente - Nada.

domingo, 19 de fevereiro de 2012


59,4 – 84,1 – Francisco Luís Fontinha

Triângulos da tarde

A prisão invisível da manhã
Em pedacinhos de luz
Suspensos no cortinado da solidão

Puxo de um cigarro
E sinto que na minha mão
Gemem as palavras abraçadas aos triângulos da tarde
E quando acordar a noite
Um círculo de medo esconde-se no espelho do mar
E o meu corpo em desassossego dorme
Finge sonhar
Num jardim de claraboias com vista para o tejo

A prisão invisível da manhã
Em pedacinhos de luz
Suspensos no cortinado da solidão
E ao longe uma ponte de sorrisos saltita nos orgasmos do rio
Um barco esconde-se dentro da madrugada pintada
Nas páginas de um livro
Puxo de um cigarro
E sinto que na minha mão

Brincam as palavras no silêncio da manhã.