O teu sorriso
O meu sorriso
A tua boca e a minha boca
Perdidos numa cidade
Esquecidos numa calçada
Frente ao rio…
O teu sorriso
O meu sorriso
Duas sombras travestidas de saudade
Abraçadas à solidão do desejo
Os teus lábios nos meus lábios
O beijo
O teu sorriso
O meu sorriso
À sombra de uma árvore
Sentados no amor
A contar gaivotas
E desenhar no vento silêncios de prazer
O teu sorriso
O meu sorriso
Sílabas magoadas
No poema de sofrer
Porque o teu sorriso e o meu sorriso
São duas sombras travestidas de saudade
Abraçadas à solidão do desejo.
sábado, 10 de dezembro de 2011
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
Ataque de nervos
Os mercados financeiros andam muito nervosos, possivelmente padecem de uma depressão grave ou loucura que nem o psiquiatra do livro do António Lobo Antunes em Memória de Elefante consegue tratar.
Tudo é preciso ser feito para acalmar os mercados e as Agências de Rating.
Em nome dos mercados substituem-se chefes dos governos eleitos democraticamente pelo povo (Grécia e Itália) e qualquer dia, porque os mercados assim o querem, em Portugal vamos assistir à substituição do nosso primeiro-ministro por outro, porque os mercados assim o desejam, ou convém, sem eleições.
Muito em breve, alguns anos, não passaremos de peões nas mãos dos mercados, até quem sabe, escravos. Eles escolhem os governos e nós trabalhamos, mas sempre em silêncio, porque os meninos mercados podem ficar nervosos… ou pior, loucos.
“A Charlotte Brontë a cambalear à beira do KO químico voltou para a janela uma unha onde o verniz estalava:
- Alguma vez viu o sol lá fora, seu cabrão?
O psiquiatra gatafunhou CARALHO + CABRÃO = GRANDE FODA, rasgou a página e entregou-a à enfermeira:
- Percebe? Perguntou ele.” (In Memória de Elefante – António Lobo Antunes, pág. 19)
E apetece-me dizer e escrever; os mercados que se fodam.
E deixo de ser eu – Luís Fontinha
Poema e desenhos de Luís Fontinha
Música:
O Chá - Tchaikovsky - Royal Philharmonic
Trepak - Tchaikovsky - Royal Philharmonic
E deixo de ser eu
E levita o meu desgovernado corpo
Até à copa das árvores estacionadas junto ao rio
Um cacilheiro em arrotos
Finta as palavras do poema
E dentro do nevoeiro
Evapora-se pelo vórtice do desejo
O poema desfaz-se em pedacinhos de sílabas
E dos fluídos das vogais
Uma turbina zurra orgasmos na maré
A mecânica adormece as estruturas reticuladas em desânimo…
Que vagueiam nas ruas da cidade
E aos poucos desistem de viver
O meu corpo desgovernado
Na copa das árvores
Abraçado a integrais complexos
E nas minhas mãos
E no meu peito
A noite enterra-se e dorme
E deixo de ser eu.
Até à copa das árvores estacionadas junto ao rio
Um cacilheiro em arrotos
Finta as palavras do poema
E dentro do nevoeiro
Evapora-se pelo vórtice do desejo
O poema desfaz-se em pedacinhos de sílabas
E dos fluídos das vogais
Uma turbina zurra orgasmos na maré
A mecânica adormece as estruturas reticuladas em desânimo…
Que vagueiam nas ruas da cidade
E aos poucos desistem de viver
O meu corpo desgovernado
Na copa das árvores
Abraçado a integrais complexos
E nas minhas mãos
E no meu peito
A noite enterra-se e dorme
E deixo de ser eu.
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
A morte
A morte
Uma fechadura que se encerra
Na porta de entrada da vida
A morte
Deitada sobre o alpendre da manhã
Suspensa nos cortinados da lua
A morte
O sussurro do vento
Nas paredes metálicas do silêncio
A morte
Vestida de madrugada
Na sombra das gaivotas
Antes de acordarem
A morte
Quando duas retas paralelas se encontram no infinito
E se beijam
E se abraçam
À morte.
Uma fechadura que se encerra
Na porta de entrada da vida
A morte
Deitada sobre o alpendre da manhã
Suspensa nos cortinados da lua
A morte
O sussurro do vento
Nas paredes metálicas do silêncio
A morte
Vestida de madrugada
Na sombra das gaivotas
Antes de acordarem
A morte
Quando duas retas paralelas se encontram no infinito
E se beijam
E se abraçam
À morte.
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