ausento-me da sombra e
das pedras, ausento-me dos teus olhos e procuro outros olhos,
na ausência,
de
uma flor.
ausento-me do silêncio, e
se procuro a solidão, é porque há um pássaro de luz,
na minha ausência.
ausento-me da tempestade e dos teus lábios, quando um barco entra na barra,
e dorme,
no quarto sem janela.
ausento-me da noite e
tento não pensar em ti, quando a ausência de uma estrela,
equivale a um tremor de
terra, seis graus na escala da paixão,
mais profunda
do sexo.
ausento-me de ti.
escondo-me. serei a manhã dentro de um cubo de vidro, ao perto, o mar
empoleirado sobre uma pequena árvore, de desejo.
o vento. lamento.
esconder-me
ausentar-me até da tua
sombra, levemente
sorri, a lua
envergonhada, apaixonadamente, só,
no murmúrio da noite.
ausento-me, aos poucos,
de ti.