terça-feira, 15 de agosto de 2023
Olhos de amar
Perco-me neste labirinto
Procurando a sombra da
tua mão
Na tua mão que sinto
Que sinto a tua mão
Perco-me dentro deste
livro de poesia
Procuro neste livro os
teus olhos de mar
Procuro neste livro o
sorriso do dia
E as lágrimas do luar
Procuro neste labirinto
de insónia adormecer
As primeiras palavras da
madrugada
E sem querer
E sem o desejar
Procuro neste labirinto o
teu rosto de cansada…
Quando este labirinto é
os teus olhos de mar.
Alijó, 15/08/2023
Francisco Luís Fontinha
segunda-feira, 14 de agosto de 2023
Carta aos pássaros
Podia desistir de tudo
Podia desistir de
desenhar os teus olhos de mar
E os teus lábios de mel
Podia morrer
Podia não ser
Podia pensar não pensando
em nada
E podia fugir
Como um pedaço de sucata
Em direcção ao mar
Podia desistir de tudo
Podia desistir de
escrever na tua mão
Podia deixar de voar
Podia vestir-me de
gaivota
Sentar-me sobre a ponte
E depois… pular…
Pular em direcção ao
abismo
Podia ser pai
Podia ser árvore
E morrer na tempestade
E arder na fogueira
Podia ser
Podia não ser
Podia voar no teu cabelo
Podia desistir de voar no
teu cabelo
Tanta coisa que eu podia…
(não desistindo)
Podia desistir de tudo
(não desisto)
Podia desistir de
desenhar os teus olhos de mar
E os teus lábios de mel
(não desisto)
Podia morrer
Podia não ser
Podia pensar não pensando
em nada
E podia fugir
Como um pedaço de sucata
Em direcção ao mar
(não desisto e não vou
fugir).
14/08/2023
Mar nos teus olhos luar
Dá-me a tua mão
Meu amor
Dá-me a tua mão e vamos
desenhar
O sol na areia fina do
mar,
Dá-me a tua mão
Meu amor
Dá-me a tua mão e vamos
escrever
O silêncio da lua nas
mãos do mar,
Dá-me a tua mão
Meu amor
Dá-me a tua mão e vamos
brincar
Com as flores do meu
jardim… nos lábios do mar.
14/08/2023
Francisco
domingo, 13 de agosto de 2023
Lágrima assombrada
Esqueço os teus olhos de
mar
Em mar teus lábios de mel
Esqueço os teus olhos em
luar
Do luar que assombra este
papel
Esqueço a tua boca e o
teu cabelo de vento
Esqueço o domingo
inventando
Espadas no meu pensamento
Do lamento esquecer os
teus olhos que fui sonhando
Esqueço que este poema
não te pertence
Que este poema morreu
junto ao rio
Esqueço a força que me
vence
Quando a noite se esconde
na madrugada
Esqueço que este navio
É uma lágrima assombrada.
13/08/2023
Francisco
(desenho de Francisco
Luís Fontinha)
Máscara
Escondo-me da cidade
Desta cidade invisível
Que me assassina ao acordar
Escondo-me da cidade
Nesta cidade
Quando aparece a manhã no
espelho da insónia.
Levanto-me
E escondo-me nesta cidade
Nesta cidade de enganos
Nos enganos de cidade.
Escondo-me da cidade
Dentro da máscara da
cidade
Escondo-me do rio
Desta cidade
Neste gueto
De cidade
Escondo-me da cidade
Na cidade
Enquanto esta cidade…
Arde no meu peito.
13/08/2023
Francisco
(desenho de Francisco Luís
Fontinha)