Um dia, o vento, um dia o vento será poema…
E dos teus lábios de mar,
Erguer-se-á a montanha.
Francisco
Da palavra,
Esta palavra que me
abandona,
Daquela palavra que vive
dentro da angústia…
E se esconde neste
pedacinho de silêncio,
Da palavra,
O corpo mergulhado na luz…
Dentro de mim,
Entre círculos de sono
E túneis de vento.
Da palavra que escrevo
À palavra que grito,
Da palavra que sonho…
Há uma palavra no meu
olhar,
Uma pequena palavra…
É a palavra de amar;
Amar esta palavra: mãe.
Bragança, 23/05/2203
Francisco Luís Fontinha
Neste pedaço de vidro
Desenho o silêncio do meu
rosto,
Escrevo as lágrimas do
meu antigo rosto…
Neste pedaço de vidro,
Olho-o, olho-o incessantemente…
Até que este pedaço de
vidro,
Despede-se de mim
E ausenta-se no centro do
círculo da insónia.
Neste pedaço de vidro
Poiso as cores do meu
sorriso,
Semeio o meu silenciado
olhar…
Que desparece…
Neste pedaço de vidro.
Neste pedacinho de vidro
Escrevo os poemas à minha
amada,
Desenho a chuva,
Da chuva que cobre o
corpo da minha amada…
De desejo-azul…
A este pedaço de vidro
Vêm as estrelas de todo o
Universo…
E um punhado de
electrões,
Brincam neste pedaço de
vidro.
Alijó, 22/05/2023
Francisco Luís Fontinha
Em cada pigmento de cor
Deita-se um pequeno
sorriso na tela
Desenha-se o corpo
circunflexo
Em pequenos círculos aerodinâmicos
Em cada pigmento de cor
Acordam as estrelas da
minha cidade
E brincam os meninos da
minha cidade
Em cada pigmento de cor
Oiço as sombras da minha
cidade
E levitam em direcção ao
céu
As mulheres da minha
cidade
A cada pigmento de cor
Envio as palavras das
colmeias em flor
E escondem-se na minha
algibeira
As palmeiras da minha
cidade
Na tela onde escondo
Cada pigmento de cor
Em cada pigmento de cor
Da minha cidade
Um sorriso de vento me
leva até lá…
Alijó, 21/05/2023
Francisco Luís Fontinha