À tua janela
Das minhas palavras
ensonadas,
Na tua boca estes
transversais silêncios,
Luzes, estrelas, beijos
de luar
Que poisam nos lábios dos
pequenos círculos do sono,
À tua janela
A geometria da paixão que
das tuas mãos
Invade os quadriculados
olhares,
E no peito, trazes as
noites junto ao mar…
Sem que de dentro de nós
Acordem as palavras incógnitas
Que semeávamos no rio,
Haja alegria quando as
noites
Têm janelas com braços,
E pequenas fotografias de
medo,
À tua janela
Uma estátua de sal
olhava-me,
E antes da minha entrada
nos teus braços
Eu sabia que tinhas uma
lâmina de geada
Que se alicerçava no meu
rosto,
Pego neste relógio de
pulso, e cansado
De me avisar que a noite
vem em viagem,
Que as flores dos teus
cabelos
Dormem nos lençóis da
insónia…
Como dormiam todos os
pássaros junto à tua janela.
Alijó, 26/10/2022
Francisco Luís Fontinha