quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Geometria da paixão do sono

 À tua janela

Das minhas palavras ensonadas,

Na tua boca estes transversais silêncios,

Luzes, estrelas, beijos de luar

Que poisam nos lábios dos pequenos círculos do sono,

 

À tua janela

A geometria da paixão que das tuas mãos

Invade os quadriculados olhares,

E no peito, trazes as noites junto ao mar…

Sem que de dentro de nós

 

Acordem as palavras incógnitas

Que semeávamos no rio,

Haja alegria quando as noites

Têm janelas com braços,

E pequenas fotografias de medo,

 

À tua janela

Uma estátua de sal olhava-me,

E antes da minha entrada nos teus braços

Eu sabia que tinhas uma lâmina de geada

Que se alicerçava no meu rosto,

 

Pego neste relógio de pulso, e cansado

De me avisar que a noite vem em viagem,

Que as flores dos teus cabelos

Dormem nos lençóis da insónia…

Como dormiam todos os pássaros junto à tua janela.

 

 

 

Alijó, 26/10/2022

Francisco Luís Fontinha

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