Deste meu pequeno cubículo de sono
Enquanto o meu relógio
adormece
Nos lábios das manhãs em
desespero
Na algibeira procuro os
cacilheiros
Que se abraçavam ao meu
peito
Frio e escuro
Quando a âncora da
saudade
Se despedia de mim
E voava como voavam as
gaivotas
Na terra de ninguém
Poisava as mãos nas
pobres águas
Onde habitavam as flores
e as árvores e todos os pássaros
E sabia que lá longe
Uma ponte metálica me
transportava
Para os teus braços
Enquanto das lágrimas do
silêncio
Um fio de espuma
Levitava no teu cabelo
amargurado
E eu sabia que quando
regressasse a noite
A maré de sémen em
pequenos gracejos
Se escondia na sombra da
madrugada
Quando vento das palavras
Adivinhava sempre
Quando aquele cacilheiro
Vinha ao meu peito
Alijó, 27/10/2022
Francisco Luís Fontinha
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