desce
a noite o desfiladeiro dos sonâmbulos
e
entranha-se no meu corpo desconhecido
abstracto
e
delirante pelas tempestades de azoto,
o
sono é uma incógnita adormecida
triste
e
vagabunda
nos
lábios da paixão,
a
cidade morre nas mãos de uma criança
como
se existisse um esqueleto em papel
com
todas as minhas palavras
ossos,
ossos
e
finas sombras em marfim ao cair da tarde
e
renasce o livro no meu peito
ensanguentado
pela espada da saudade,
finjo
a morte,
tropeço
nos silicatos beijos que a maré me trouxe…
sinto
o barco da solidão poisado no teu cabelo
e
todos os marinheiros da minha rua
embriagados
pela tua beleza…
finjo
a sorte,
finjo
a morte desenhada na areia
pelas
coxas do silêncio
finjo
a sorte desterrada no xisto esquecido na montanha…
(desce
a noite o desfiladeiro dos sonâmbulos
e
entranha-se no meu corpo desconhecido
abstracto
e
delirante pelas tempestades de azoto)
e
a loucura absorve-me.
Francisco
Luís Fontinha
sexta-feira,
15 de Julho de 2016