segunda-feira, 27 de junho de 2016

Desencontros de quando te encontro


Sempre que te encontro

Desencontro-me

Ausento-me da sombra

Que cobre a tua boca

E alicerçam-se as palavras à madrugada

Sempre que te encontro

Desencontro-me

Como um relógio sonâmbulo nas mãos de uma aranha…

O segredo da partida

Levando as coisas supérfluas da vida

Que só tu sabes saborear…

Sempre que te encontro… desencontro-me

Neste labirinto de xisto

Onde habito

Onde escrevo

Todos os desencontros

De quando te encontro…

 

Francisco Luís Fontinha

segunda-feira, 27 de Junho de 2016

domingo, 26 de junho de 2016

pequenas coisas


saltar

inventar a escuridão das palavras de brincar

sofrer

morrer

nas sílabas do silêncio desejado

sem dor

com o medo de acordar

e saber que no mar

um corpo magoado

pernoita na maré

saltar

e não encontrar a âncora da tristeza

sempre que os dias dormem

e as manhãs sentem a pobreza…

do riso

do esquecimento…

sempre

saltar

para o abismo de morrer…

quando o olhar se despede do sofrimento

 

Francisco Luís Fontinha

domingo, 26 de Junho de 2016

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Insónia da meia-noite


Habito neste poço

Mergulhado na escuridão,

Sinto o abraço do fantasma de cartão

Que foge da algibeira do moço…

Sem saber o significado do amor,

Ou da razão

De amar,

De ser amado,

O deslumbrante cidadão…

Aconchegado

Ao sorriso de algodão

Que alimenta a dor

E o cansaço da mão…

Esfuma-se no silêncio do mar.

 

Francisco Luís Fontinha

sexta-feira, 24 de Junho de 2016

quarta-feira, 22 de junho de 2016

O guerreiro das marés


O meu corpo sangrando

E o teu sorriso como balas de prata

Contra o meu peito,

As flores do amanhecer gritando…

Porque as casinhas de lata

Estão tristes e sem jeito!

 

Francisco Luís Fontinha

quarta-feira, 22 de Junho de 2016

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Silêncio dos cigarros prateados


A noite poisa a mão do guerreiro sobre os lençóis do sono,

Os cigarros transportam o vómito,

E aos poucos vão adormecendo no cinzeiro da solidão,

Não mais pertencerei a este silêncio

Que habita o meu corpo,

Daqui a alguns dias,

Eu,

Este corpo camuflado pelo incenso da madrugada,

Entrará em putrefacção anónima…

E serei apenas um cadáver de cinza prateada.

 

Francisco Luís Fontinha

segunda-feira, 20 de Junho de 2016

domingo, 19 de junho de 2016

casa assombrada


há uma caverna de cinza nas tuas palavras,

o silêncio amarga os dedos do sofrimento,

e o vento se alicerça nos teus lábios,

de graça,

vem de longe a barcaça…

com os meus restos mortais,

 

há uma casa abandonada,

onde habita a escuridão dos dias adormecidos,

e os bandidos vivos saboreando uma esplanada,

as ruas envenenadas,

as trôpegas pedras das calçadas,

que só eu consigo alimentar,

 

há uma caverna,

há uma casa…

de cinza

de prata…

há no teu cabelo um chapéu de lata…

com a sanzala dos meninos envergonhados.

 

Francisco Luís Fontinha

domingo, 19 de Junho de 2016

sábado, 18 de junho de 2016

palavras da morte


invento no teu corpo os silêncios da noite

que absorvem os meus lábios argamassados pelo vento,

tenho na garganta as palavras da morte

que esquecem o tempo…

no momento da sorte.

 

Francisco Luís Fontinha

sábado, 18 de Junho de 2016