domingo, 19 de junho de 2016

casa assombrada


há uma caverna de cinza nas tuas palavras,

o silêncio amarga os dedos do sofrimento,

e o vento se alicerça nos teus lábios,

de graça,

vem de longe a barcaça…

com os meus restos mortais,

 

há uma casa abandonada,

onde habita a escuridão dos dias adormecidos,

e os bandidos vivos saboreando uma esplanada,

as ruas envenenadas,

as trôpegas pedras das calçadas,

que só eu consigo alimentar,

 

há uma caverna,

há uma casa…

de cinza

de prata…

há no teu cabelo um chapéu de lata…

com a sanzala dos meninos envergonhados.

 

Francisco Luís Fontinha

domingo, 19 de Junho de 2016

sábado, 18 de junho de 2016

palavras da morte


invento no teu corpo os silêncios da noite

que absorvem os meus lábios argamassados pelo vento,

tenho na garganta as palavras da morte

que esquecem o tempo…

no momento da sorte.

 

Francisco Luís Fontinha

sábado, 18 de Junho de 2016

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Veneno da inocência…


Sem ti as palavras obedecem à desordem das coisas não belas,

Senti no meu corpo o abstracto silêncio

Das noites envidraçadas,

Os pincéis suspensos no tecto da alvorada

Esperando que a tela da solidão regresse do ontem,

Sem ti os poemas envenenados pelo veneno da inocência…

Que belo…

O amanhecer,

Que belo…

A noite caiada pelas mãos da madrugada,

A noite cinzenta e magoada…

Que belo… sem ti, sentir os teus lábios nos meus lábios…

 

Francisco Luís Fontinha

sexta-feira, 17 de Junho de 2016

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Noite de ninguém


Uma fotografia sem ninguém

Dorme sobre a minha secretária,

Do lado esquerdo, deitada, a sonolenta caneta de tinta permanente…

Assustada,

Ausente,

De mim,

 

Que pertenço às imagens prateadas.

 

Francisco Luís Fontinha

quarta-feira, 15 de Junho de 2016

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Crianças de sombra


Morrem os dias de tédio,

Envenenam-se as horas com o tédio dos dias,

Desmoronam-se os castelos de areia

Sobre os corpos carbonizados,

Que os dias aprisionam aos barcos embalsamados,

Divide-se o silêncio pela insónia,

Subtrai-se à paixão a solidão…

E multiplica-se o desejo pela noite adormecida,

E assim, os dias de tédio,

Habitam-me como janelas acorrentadas ao sofrimento…

Morrem,

E divertem-se como crianças de sombra.

 

Francisco Luís Fontinha

segunda-feira, 13 de Junho de 2016

sábado, 11 de junho de 2016


Lanças de paixão


Trago no peito

As ruas da minha cidade

Cravadas como lanças de paixão

Desejando o regresso do pôr-do-sol,

 

Trago no peito

As palavras dos teus lábios

O sussurro do teu Inverno

Quando lá fora descem as lágrimas do teu olhar,

 

Trago no peito a dor

A solidão das noites sem dormir…

Trago-te no peito

Deusa do meu sorrir,

 

Livro do meu amor…

 

Trago no peito

O teu sofrer

E os rios da minha ausência

E o medo de morrer.

 

Francisco Luís Fontinha

sábado, 11 de Junho de 2016