(desenho
de Francisco Luís Fontinha – Setembro/2015)
Escondo
nas tuas pálpebras o meu beijo de pergaminho solar,
Acendo
o dia ligando o interruptor do sonho,
Danço
sobre ti inventado cubos negros, sem porta de entrada,
Sem
janelas…
Sem
madrugada,
Escrevo-te
sabendo que estás morta,
Que
caminhas sobre a areia luminosa da manhã,
Que
me abraças sabendo eu que nunca me abraçaste,
Olhaste…
Ou..
ou me hipnotizaste entre quatro cadeiras velhas em madeira,
Estou
aqui, eu e eu, dois cadáveres sem rumo,
Apaixonados
pelo silêncio,
Escondo
nas tuas pálpebras a minha língua que acaricia a tua solidão,
Não
tenhas medo, meu beijo de pergaminho solar…
Não
tenhas medo da cidade, dos homens da cidade, e das sombras da cidade,
Imagino-te
subindo a montanha do desejo,
Trazes
em ti o medo de amar,
Transportas
as tulipas em papel que nos esperam num quarto de pensão,
Poisa-las
sobre a mesa-de-cabeceira,
Olhas-me,
Sentas-te
na cama…
E
beijas-me como se eu fosse uma sílaba embriagada descendo uma qualquer calçada,
Amanhã,
amanhã meu beijo de pergaminho solar,
Amanhã
estaremos sentados nos rochedos dos Oceanos prateados,
Tão
velhos, meu beijo de pergaminho solar, tão velhos que adormecemos como dois
pássaros, sem idade, como dois pássaros entranhados no luar,
Amanhã,
amanhã olhas-me,
Dizes
que não me conheces,
Que
eu sou um desenho louco,
Um
palhaço sem Pátria,
Como
sem Pátria são todos os beijos de pergaminho solar…
Francisco
Luís Fontinha – Alijó
Domingo,
13 de Setembro de 2015