um dia
vou perceber os teus sonhos
as tuas palavras
os teus anseios...
um dia
quando acordar
vou perceber o silêncios das tuas mãos
e os gemidos do teu olhar
um dia
vou perceber
que as flores são belas
e a noite deslumbrante
um dia
quando acordar
vou perceber
os teus lábios
um dia
vou perceber
quando acordar
que a lua te faz chorar
quando acordar
um dia
vou perceber
que a noite te vai buscar
e das estrelas
vão descer
sorrisos e sonhos e sílabas de algodão
e madeixas de cetim
oiro e mirra e incenso
e todas as ervas invisíveis...
quinta-feira, 10 de maio de 2012
quarta-feira, 9 de maio de 2012
Lanterna
o feixe de palavras
mistura-se com a minha sombra
dentro do corredor brincam páginas de literatura
e poesia de páginas
amarelas
encarnadas
escuras
com listras de pôr-do-sol
nos lábios do mar
a boca do silêncio alimenta-se do teu corpo
e pingos de saliva subtraem-se às rimas do teu cabelo
a caneta de tinta permanente beija-o
docemente
ajeitando a almofada da solidão
sem braços
sem mão
à procura dos teus desejos
de algodão
no parapeito da janela da biblioteca
abraçados às personagens dos livros de A. Lobo Antunes
o feixe de palavras
mistura-se com a minha sombra
dentro do corredor... páginas de literatura
amarelas
rosas
encarnados
cravos
a lanterna da vida finge orgasmos nas palavras
amarelas
rosas
encarnados
cravos
e o corredor não tem fim
mistura-se com a minha sombra
dentro do corredor brincam páginas de literatura
e poesia de páginas
amarelas
encarnadas
escuras
com listras de pôr-do-sol
nos lábios do mar
a boca do silêncio alimenta-se do teu corpo
e pingos de saliva subtraem-se às rimas do teu cabelo
a caneta de tinta permanente beija-o
docemente
ajeitando a almofada da solidão
sem braços
sem mão
à procura dos teus desejos
de algodão
no parapeito da janela da biblioteca
abraçados às personagens dos livros de A. Lobo Antunes
o feixe de palavras
mistura-se com a minha sombra
dentro do corredor... páginas de literatura
amarelas
rosas
encarnados
cravos
a lanterna da vida finge orgasmos nas palavras
amarelas
rosas
encarnados
cravos
e o corredor não tem fim
e se amanhã eu não conseguir?
E se amanhã eu não conseguir
ressuscitar as palavras
que a noite semeia no meu peito
e se amanhã não existir amanhã
e se hoje começar o amanhã
sem que as palavras assassinadas acordem no papel amarrotado
e o vento
perder o encanto
amanhã sem pássaros sem nuvem onde me pendurar
e se amanhã eu não conseguir
ressuscitar as palavras
e se nunca mais existir amanhã...
e se amanhã os teus lábios
dormirem na minha mão
que a noite semeia no meu peito
(palavras
desenhos
parvoíces)
um calendário
sem dias sem horas sem amanhã
e se amanhã eu não conseguir?
ressuscitar as palavras
que a noite semeia no meu peito
e se amanhã não existir amanhã
e se hoje começar o amanhã
sem que as palavras assassinadas acordem no papel amarrotado
e o vento
perder o encanto
amanhã sem pássaros sem nuvem onde me pendurar
e se amanhã eu não conseguir
ressuscitar as palavras
e se nunca mais existir amanhã...
e se amanhã os teus lábios
dormirem na minha mão
que a noite semeia no meu peito
(palavras
desenhos
parvoíces)
um calendário
sem dias sem horas sem amanhã
e se amanhã eu não conseguir?
terça-feira, 8 de maio de 2012
A fuga
Desapareceram as escadas
de acesso à noite
fugiram todos os papeis
e todos os livros
na parede do quarto
a janela transformou-se em azevinho
com pássaros suspensos nos seus braços
e palavras que voam dentro das asas
(uma sílaba estonteada
procura-me no caixote do lixo)
e uma mimosa em flor
cresce nos meus olhos sem cor
sem desenhos para pintar
sem palavras para assassinar
sou o quê EU?
uma sílaba estonteada
procura-me no caixote do lixo
onde restos de sémen
e pingos de seda
se escondem no azevinho
(pássaros suspensos nos seus braços
e palavras que voam dentro das asas)
ao cair da tarde.
de acesso à noite
fugiram todos os papeis
e todos os livros
na parede do quarto
a janela transformou-se em azevinho
com pássaros suspensos nos seus braços
e palavras que voam dentro das asas
(uma sílaba estonteada
procura-me no caixote do lixo)
e uma mimosa em flor
cresce nos meus olhos sem cor
sem desenhos para pintar
sem palavras para assassinar
sou o quê EU?
uma sílaba estonteada
procura-me no caixote do lixo
onde restos de sémen
e pingos de seda
se escondem no azevinho
(pássaros suspensos nos seus braços
e palavras que voam dentro das asas)
ao cair da tarde.
Hoje Sem sonhos Sem lábios Sem mar
Hoje
sem sonhos
ontem
com o mar
hoje
sem noite
sem lábios
hoje
sem sonhos
ontem
com sonhos
hoje
sem palavras
ontem
sem sonhos
sem noite
sem lábios
hoje
hoje
um dia perfeitamente parvo
sem livros
sem sol
ontem
com chuva
hoje
hoje
ontem junto ao rio
em conversas
hoje
hoje
sem mar
sem sonhos
sem palavras
sem sonhos
ontem
com o mar
hoje
sem noite
sem lábios
hoje
sem sonhos
ontem
com sonhos
hoje
sem palavras
ontem
sem sonhos
sem noite
sem lábios
hoje
hoje
um dia perfeitamente parvo
sem livros
sem sol
ontem
com chuva
hoje
hoje
ontem junto ao rio
em conversas
hoje
hoje
sem mar
sem sonhos
sem palavras
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