Desapareceram as escadas
de acesso à noite
fugiram todos os papeis
e todos os livros
na parede do quarto
a janela transformou-se em azevinho
com pássaros suspensos nos seus braços
e palavras que voam dentro das asas
(uma sílaba estonteada
procura-me no caixote do lixo)
e uma mimosa em flor
cresce nos meus olhos sem cor
sem desenhos para pintar
sem palavras para assassinar
sou o quê EU?
uma sílaba estonteada
procura-me no caixote do lixo
onde restos de sémen
e pingos de seda
se escondem no azevinho
(pássaros suspensos nos seus braços
e palavras que voam dentro das asas)
ao cair da tarde.
terça-feira, 8 de maio de 2012
Hoje Sem sonhos Sem lábios Sem mar
Hoje
sem sonhos
ontem
com o mar
hoje
sem noite
sem lábios
hoje
sem sonhos
ontem
com sonhos
hoje
sem palavras
ontem
sem sonhos
sem noite
sem lábios
hoje
hoje
um dia perfeitamente parvo
sem livros
sem sol
ontem
com chuva
hoje
hoje
ontem junto ao rio
em conversas
hoje
hoje
sem mar
sem sonhos
sem palavras
sem sonhos
ontem
com o mar
hoje
sem noite
sem lábios
hoje
sem sonhos
ontem
com sonhos
hoje
sem palavras
ontem
sem sonhos
sem noite
sem lábios
hoje
hoje
um dia perfeitamente parvo
sem livros
sem sol
ontem
com chuva
hoje
hoje
ontem junto ao rio
em conversas
hoje
hoje
sem mar
sem sonhos
sem palavras
segunda-feira, 7 de maio de 2012
Esconderijo
Dentro de uma língua de silêncio
escondes os teus lábios,
no mar
deixas ficar os sonhos
e as gotinhas de orvalho,
nos cortinados da madrugada
abres a janela do desejo
e uma gaivota de prazer
voa sobre os teus olhos de maré
antes da chegada do pôr-do-sol,
a lua do teu ventre
mingua no interior das estrelas de algodão
e todos os pássaros às bicadas a uma mão
que o corpo do homem em solidão
deixou ficar juntamente com os sonhos,
o vento leva tudo
e o mar
no mar
em busca dos meus ossos,
e o mar
no mar
as minhas palavras em congestão
depois do pequeno-almoço,
Dentro de uma língua de silêncio
escondes os teus lábios,
no mar...
e o mar
deitado no teu peito de púrpura amanhecer.
escondes os teus lábios,
no mar
deixas ficar os sonhos
e as gotinhas de orvalho,
nos cortinados da madrugada
abres a janela do desejo
e uma gaivota de prazer
voa sobre os teus olhos de maré
antes da chegada do pôr-do-sol,
a lua do teu ventre
mingua no interior das estrelas de algodão
e todos os pássaros às bicadas a uma mão
que o corpo do homem em solidão
deixou ficar juntamente com os sonhos,
o vento leva tudo
e o mar
no mar
em busca dos meus ossos,
e o mar
no mar
as minhas palavras em congestão
depois do pequeno-almoço,
Dentro de uma língua de silêncio
escondes os teus lábios,
no mar...
e o mar
deitado no teu peito de púrpura amanhecer.
O centro da noite
Às palavras
o pavor de acordar no centro da noite
puxar de um cigarro
e não existirem cigarros
puxar de um livro
e dentro do livro
nada
simplesmente folhas de papel
sem palavras
sem rostos
sem cigarros
e tudo morre dentro do sonho.
o pavor de acordar no centro da noite
puxar de um cigarro
e não existirem cigarros
puxar de um livro
e dentro do livro
nada
simplesmente folhas de papel
sem palavras
sem rostos
sem cigarros
e tudo morre dentro do sonho.
domingo, 6 de maio de 2012
À minha terra
De onde eu vinha
não sabia para onde ia
e que um dia
eu iria
perceber
que não sabendo
eu sabia
que um dia
regressaria
à terra que me viu nascer
na terra onde quero morrer.
(Paquete Império)
A noite de brincar
Quando a noite se esquece de acordar
e no jardim dos plátanos uma criança a chorar
quando da noite crescem sonhos de sonhar
e encerrada
a janela para o mar
quando finge amar
a porta da madrugada
quando a noite não tem mais nada
e há palavras de brincar
quando a noite magoada
se esconde no luar
(Quando a noite se esquece de acordar
e no jardim dos plátanos uma criança a chorar)
quando um barco embriagado
se cansa de navegar
porque a noite de brincar
morreu a abraçar
o menino de chorar
coitado...
e no jardim dos plátanos uma criança a chorar
quando da noite crescem sonhos de sonhar
e encerrada
a janela para o mar
quando finge amar
a porta da madrugada
quando a noite não tem mais nada
e há palavras de brincar
quando a noite magoada
se esconde no luar
(Quando a noite se esquece de acordar
e no jardim dos plátanos uma criança a chorar)
quando um barco embriagado
se cansa de navegar
porque a noite de brincar
morreu a abraçar
o menino de chorar
coitado...
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