Mostrar mensagens com a etiqueta homem. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta homem. Mostrar todas as mensagens

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Supérfluo amanhecer

 

Supérfluo amanhecer

Quando as palavras

Avançam contra o peito do homem,

Quando as flores se esquecem de envelhecer,

Quando o homem deixa de ser homem,

Quando uma criança faminta,

Se ergue entre as paredes da insónia.

 

Supérfluo amanhecer

Quando as palavras

Avançam contra o peito do homem,

O mar vacila na escuridão,

Quando o homem deixa de ser homem,

Quando as palavras em combustão,

São balas para a espingarda da saudade.

 

Supérfluo amanhecer

Quando as palavras

Avançam contra o peito do homem,

Quando o homem mata o homem, quando o homem é palavra envenenada

Nos poemas de morrer;

Supérfluo amanhecer

Quando o homem dá conta que a noite é uma enxada.

 

 

 

Alijó, 16/02/2022

Francisco Luís Fontinha

sábado, 9 de junho de 2012

e dor dentro de quatro paredes



todas as cidades têm coração
todos os homens têm cidades
ruas
pastelarias
dentro do peito

todas as cidades
com árvores
e dor dentro de quatro paredes
no peito
todos os homens
e todas as cidades
todos os livros
e todas as madrugadas

têm coração
dentro de quatro paredes
e candeeiros de sombra
e dor
e lábios de nada

em cada cidade
em cada homem
em cada livro
há um fantasma
de saudade.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

o homem de sol

pareço um esqueleto com óculos de sol
um homem de madeira
que dança dentro de um relógio de pulso
aos soluços
quando começa a noite

pareço um esqueleto com óculos de sol
à procura de uma tenda de circo
e uma trapezista
em madeira
e que dança dentro de um relógio de pulso

e um rapaz simpático
que se veste de palhaço
quando não transporta o esqueleto
com óculos de sol

pareço
um homem de sol
com óculos de madeira
num esqueleto de pulso...
quando começa a noite