Apetecia-me caçar grilos, acordou a bela Primavera,
as palavras são grátis, apetecia-me, correr sobre os carris
inanimados, moribundos e doentes, ou
Cansados,
Estás cansado meu querido?
Sim, talvez, sou capaz,
Cansado de caçar grilos onde à partida, nãos os
há, emigraram para outra planície, partiram de mochila às costas,
ombros em punho, Oiço-a (Ana Drago a falar para o boneco), porque os
grilos, fugiram, emigraram, oiço na Antena 3 qualquer coisa
relacionado com Filosofia, deve ser o tema da Prova Oral, mas mal
oiço a palavra Filosofia
Doente, sabes o que tenho, estou doente,
Vou caçar grilos, tanto me faz que sejam do
António, do Zé do Do ZIZIARINHO, interessa-vos o dono do grilo?
E claro que ela tem razão, gosto de a ouvir, mas
neste momento estou mais interessado na caça voraz aos grilos dos
terrenos baldios, lembro-me
Ainda te lembras, meu querido?
Gri Gri Gri tua casa não é aqui, e eu, parvalhão,
de palhinha na mão a masturbar um buraco, outro parvalhão dizia-nos
Se urinarmos para o buraco ele sai, diga-se, diga-se
o referido grilo, mas
Não saía, o gajo só não saía como certamente
não estava lá, ela tem razão no que diz e eu gosto de a ouvir, e
já na altura os grilos eram teimosos, mentirosos, fingidos, e já na
altura
Meu meu querido, amas-me?
Claro que sim meu grilinhos, claro que sim,
Perdão?
(ah... o grilo não é do António, ah... o grilo
não é do Zé, ah... então o grilo é do ZIZIARINHO?)
Pedimos
Perdão
Pelo sucedido,
Dentro de momentos voltamos à caça dos
famosíssimos grilinhos das esparsas ruas com legumes e fruta da
época, valeu-nos o regresso do outro, que com a sua voz melódica,
todos, mas todos
Os grilos saíram da toca,
Ah,
Depois vinha o meu grande amigos dos Sorrisos, de
mãos nos bolsos, olhava-me e em termos visuais quase nulos,
dizia-nos
Não podem gritar nem ser agressivos com a palhinha
no buraco, assusta-os, e a esta hora
Que tem a hora, pá?
Estão a sonhar,
A sonhar? Mas ouve lá oh risinhos, Os grilos
sonham?
Claro que sim, os grilos, os pássaros, as árvores
e as couves e os rios
E já agora, as pedras, não?
Claro que sim, também sonham,
Apetecia-me caçar grilos, acordou a bela Primavera,
as palavras são grátis, apetecia-me, correr sobre os carris
inanimados, moribundos e doentes, ou ouvir-lhe todos os discursos, ou
Pedimos perdão pelo sucedido, o texto segue dentro
de momentos,
(ah... o grilo não é do António, ah... o grilo
não é do Zé, ah... então o grilo é do ZIZIARINHO?)
Não, não venhas, não, não urines para o buraco
Parvalhões
Gri Gri Gri tua casa não é aqui, e claro que sim,
sonham, como nós, e vós, ou
Pedimos perdão pelo sucedido, o texto segue dentro
de momentos, os carris seguem dentro de momentos, alguns nunca mais
seguirão porque uns parvalhões quaisquer tiraram-os, venderam-os,
sucata, palavras malvadas nas algibeiras clandestinas da saudade,
porcarias, estradas entre a noite e os queridos apaixonados pelos
mais belos poemas de amor
Gostam de Amor?
Simmmmm...
E hoje,
Hoje?
Deixaram de passar comboios onde antigamente havia
buracos, nesses buracos viviam grilos, esses grilos cantavam, e de
mãos da algibeira regressava o meu grande amigo dos sorrisos,
olhava-me, e dizia-me com se estivesse a escrever apaixonados lábios
na seara de trigo
E respeitosamente,
Dizia-me
Não podem gritar nem ser agressivos com a palhinha
no buraco, assusta-os, e a esta hora
Que tem a hora, pá?
Estão a sonhar,
A sonhar? Mas ouve lá oh risinhos, Os grilos
sonham?
Claro que sim, os grilos, os pássaros, as árvores
e as couves e os rios
E já agora, as pedras, não?
Claro que sim, também sonham,...
(ficção não revisto)
Francisco Luís Fontinha