quinta-feira, 30 de novembro de 2023

Poema de amar

 

Aquela janela chama-me para olhar a rua

E o que posso eu, ver na rua, de interessante

Transeuntes

Carros

Cães e gatos vadios

Vadios

Vida de lordes

Vida boa

Como eu queria ser

Vadio

Andar por aí

E ser gato

 

Ou por aqui

Pertinho de ti

Junto ao céu

Aquela janela, aquela janela parva

Que não serve para nada

A não ser

Proibir-me de olhar a rua

 

Proibir-me de te olhar

Hoje, aquela janela, quer que eu olhe a rua

E pergunto-me porquê a rua

Porque não o jardim

Porque não o Anjo

Porque

Não

Aqui pertenço antes de levantar voo e partir em direcção ao infinito, imagina-me, de braços cruzados, de calções,

A viajar para o infinito

 

E do infinito

Podia enviar-te um beijo

 

Aqui

Pertenço

A esta janela

Sem vista para o mar

Sem elevador

Sem condomínio

Uma janela inconsciente, embriagada quando regressa a noite, depois

Aterra no pavimento motorizado

E morre

De alegria

De chorar

Quando o navio zarpa

E nos lençóis do mar

As pirâmides do Egipto

O senhor

E Gizé fica do outro lado da rua

Segundo esquerdo

Lisboa

 

Durmo nos teus braços

Procuro a tua boca no cacimbo da tarde, encerro a janela, corro o cortinado

E ela dorme

E eu, sossegadamente, escrevo o poema amar, no teu

Corpo

 

 

30/11/2023


 

Para onde vai esta flor que tropeça no meu caminho

De onde vem esta flor que tropeça no meu caminho

Como se chama esta flor

Que atrapalha o meu caminhar

Para onde vai

Esta flor

Com olhos de chorar

Escritor

 

Quem escreverá tudo isto

Quando escrevo com as minhas mãos

Todas estas palavras

Todas estas canções

Quem escreverá tudo isto

Tudo isto que eu escrevo

Tudo isto que não me pertence

Quem escreverá tudo isto

Tudo isto que me vence

 

 

30/11/2023

Dia

 

Escondo-me do dia

Enquanto o dia

Não é dia

Escondo-me no dia

Quando ao meio-dia

Me dizem

Que amanhã nascerá um novo dia

 

Escondo-me do dia

E de tudo que tem o dia

Depois peço ao dia

Que um dia

Um qualquer dia

Também eu seja dia

 

 

30/11/2023

quarta-feira, 29 de novembro de 2023

O teu rosto

 

No teu rosto, insígnia adormecida dos tempos de cólera, no teu rosto

A sílaba perdida do poema que o poeta escreveu à manhã.

No teu rosto, o sorriso da noite quando traz consigo a lareira da paixão, e o teu rosto, alicerça-se ao primeiro pingo de chuva,

Quando se erguem as margaridas deste jardim.

 

As luzes da rua, acordam do sonâmbulo dia, o teu rosto, esconde-se no

Meu rosto,

E a maré sonolenta, e a maré, enfeitiçada pela Aurora Boreal do teu sorriso, imagina no teu rosto um pedaço de sono,

 

No desejo da insónia,

 

Do teu rosto.

 

No teu rosto, ó meu amor, as sanzalas em brincadeira de criança, do teu rosto, quando penso na escuridão, e dou o triplo salto para o abismo,

Fecho os olhos, pego no teu silêncio, e sinto o teu rosto juntinho ao meu, e sinto a Primavera quando transporta na algibeira, as andorinhas, e do outro lado da rua, fica a casa, a casa onde escondo,

 

O meu rosto,

Do teu rosto.

 

No teu rosto, insígnia adormecida dos tempos de cólera, no teu rosto

A sílaba perdida do poema que o poeta escreveu à manhã.

Do teu rosto me escondo,

No teu rosto, deixo ficar, o meu rosto

 

E finjo dormir.

 

E desenho o teu rosto, no meu rosto, e desenho a tua mão, na minha mão

E depois da ausência, o mergulho no cacimbo, junto ao rio,

Daquele rio de que me escondo,

Do meu rosto,

No teu rosto

Este meu poeta com asas de avião, deste pobre poeta, do teu rosto,

O dia,

Em poesia.

 

No teu rosto.

 

Do teu rosto, a madrugada traz a palete de cores que o poeta vai deixar cair, aos pedacinhos, na tela sem nome, na tela vazia, vazia como a claridade lunar;

Finjo dormir.

Durmo no teu rosto.

 

Do teu rosto,

Mergulho, como descrevi à pouco, mergulho no cacimbo junto ao rio, mas que rio é este, este rio que não conheço, e este rio que também não conhece o teu rosto,

Neste rio de água cinzenta, na frescura paixão quando o pôr-do-sol corre para o mar,

E deixarei de ver o teu rosto.

 

Finjo, finjo dormir.

 

No teu rosto, insígnia adormecida.

 

 

29/11/2023

Papeis

 

Se estes papeis falassem, se estes papeis me dissessem alguma coisas, se alguma coisa há para dizer,

Se estes papeis fossem a chuva miudinha, quando bate ao de leve na vidraça, e quando a vidraça indiferente à minha presença,

Olha a vidraça do outro lado da rua,

Se estes papeis fossem o sono, dormiria todas as noites, não sonhava todas as noites, se estes papeis conseguissem chegar ao céu, eu falava com Deus…

 

Se estes papeis, pelo menos uma vez na vida, me dissessem o que fazem nesta secretária, quem os mandou vir, e quem autoriza a sua permanência.

Se estes papeis me abraçassem, se estes papeis me beijassem, enquanto escrevo neles o último poema da noite.

Se estes papeis, me deixassem ir, com o vento, ao teu encontro, se estes papeis me dissessem alguma coisa,

Outra coisa qualquer,

Porque nunca passarão de papeis,

Qua ardem

Na lareira dos teus lábios.

 

Se estes papeis, um dia, morrerem,

Quero as suas cinzas,

Quero-os; mortos.

 

 

29/11/2023

Se tu morreres

 

E se tu morreres! O que farei com o teu corpo. O que farei com as palavras que em todas as madrugadas brinco, e lhes afago os cabelos,

O que farei com os sonhos, se tu morreres!

O que farei aos meus poemas, o que farei a mim, e a todas estas flores.

 

Se tu morreres!

O que farei ao sono, e aos filhos do sono, o que farei ao silêncio, se tu morreres, o que farei a todos estes livros,

A todos estes papeis,

Se tu morreres.

 

O que faço a estas mãos, se tu morreres! Contempla-las, imaginar que acariciam o teu corpo quando a noite é escura, quando a noite é uma lágrima de sono, e tenho tanto medo de que tu me morras,

E tenho tanto medo ao que possa acontecer ao teu corpo de tronco de árvore…

 

O que farei, se tu morreres!

 

 

 

29/11/2023

Esquecer

 

Esqueci o teu rosto, esqueci a tua boca,

Esqueci o teu cabelo, do loiro amanhecer,

Esqueci as tuas mãos,

E a vontade de te querer.

 

Esqueci o teu sorrir, esqueci o teu olhar,

Esqueci a solidão que a noite abraça,

Que a noite contempla,

Esqueci o mar,

 

E as limitações do meu viver.

Esqueci o teu corpo, dócil tronco de árvore,

Esqueci o luar,

E a razão de escrever.

 

Esqueci a vida.

Esqueci a rua onde vivia, esqueci o silêncio,

Esqueci o que devia esquecer e aquilo que não devia…

Nunca o ser.

 

 

29/11/2023

terça-feira, 28 de novembro de 2023

Pianista

 


Pedacinho de ti

 

Naquele dia, eu tinha descoberto o beijo. Naquele dia eu tinha descoberto que o meu corpo podia ser amado, podia ser desejado, podia ser um dia

Poema

Ao outro dia

Poesia

Em melodia,

Podia ser a manhã.

 

Naquele dia, eu tinha descoberto os teus lábios. Naquele dia, eu podia ter sido pai, sem raiva, de o não ser

Naquele dia.

 

Naquele dia, eu podia ter olhado as tuas mãos de frágil mãe, mas não sei como são as tuas mãos, eu nunca vi as tuas mãos, meu amor

Daquele dia.

Naquele dia, eu tinha descoberto que o meu corpo é um poema, que se escreve, sem que eu queira que ele se escrevesse,

Preferia ser eu a escrevê-lo

Mas ele é que manda.

 

Naquele dia, eu percebi que o dia, é uma canção de amor

 

Que o dia é um pedacinho de ti.

 

 

28/11/2023

Perdão

 

Não posso pedir à manhã, perdão. Que perdoe todos os meus pecados, mas que pecados, quando o meu único pecado é escrever poesia,

É morrer esperando que regresse o mar,

Que nasça o dia,

Não posso pedir perdão à manhã, e se pudesse, nunca o faria.

Não posso pedir à manhã, perdão, clemência, que me seja reduzida a pena a que fui condenado (escrever poesia)

Que me façam uma estátua…

E um parvalhão de um pássaro me cague em cima.

 

Que diria eu, à manhã!

Olá, bom dia, estás bem, pareces triste, hoje

Sabendo eu que a tristeza é apenas um pedacinho de insónia nos lábios do luar, e graças a Deus, amar-te parece a coisa mais estranha de todas as coisas estranhas,

Nasce o dia,

Morre a noite,

E tu, manhã que implora por perdão, foges de mim

Escondes-te de mim.

 

Não posso pedir à manhã, perdão.

Não posso pedir à manhã perdão, mas posso pedir-lhe um livro de poesia, torradas e um pouco de café

Daqui a pouco, acordas

E eu, por aqui…

À procura de um cigarro.

 

 

Na algibeira.

 

 

28/11/2023

 

Odeio os teus olhos, odeio a tua boca, odeio os teus lábios,

Odeio o teu cabelo,

Odeio as tuas mãos e odeio o teu sorriso…

Odeio-te tanto, que te amo de uma forma estranha,

De te odiar.

De te olhar.

De te amar.

 

 

28/11/2023

segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Fragrância

 

Serei pó, serei lápide, tanta coisa, que eu posso ser.

Serei pão, porque não,

Serei bebida alcoólica, e poema ao mesmo tempo, serei moca,

Pedra

E cólica

Sem sentimento.

Serei pó, serei a palavra, a minha e a de Deus,

Serei janela, serei o mar vestido de janela, quando olha a lua travestida de névoa-azul.

 

Serei gaja, gajo vestido de gaja, serei pássaro, poeta e afins, serei o pedreiro trabalhando o granito, escrevendo no granito as lágrimas de sua amada,

Sonâmbula,

Exige-se respeito, na solidão do dia

As cabras, perderam-se no monte, as pedras fitam as cabras depois dos filhos das pedras, morrerem de tédio a coçar os tomates, olhando as cabras.

 

Serei angustia no teu peito, fragância na tua mão, serei poema disfarçado de aldabrão, e de tudo ou nada, a sinfonia entra na sala, os músicos sentam-se junto à lareira, e um muro de pedra desata em lágrimas,

Aldrabão…!

Serei piolho, porque não, tão espertinho, e tão aldrabão, a cidade em chamas, as mulheres desta cidade, em lágrimas, que não chegam para apagar as chamas desta cidade.

 

Serei um livro. Um livro de poesia.

Serei casa, com muitas janelas, com muitas crianças, com muitos… barcos

De brincar

E alegria

Serei pó, serei sem-abrigo, serei canção,

Melodia

Sem amigo.

Serei uma pedra, uma laje, serei um telhado preparado para o vento,

Serei

Equação,

Número primo,

Serei pedra,

Serei menino…

 

Serei alimento.

 

Serei tudo o que tu quiseres, meu amor, fascista é que não.

 

 

27/11/2023

Pétalas em sorriso

 

A tua pele é feita de lâminas de luz,

A tua pele é poesia, é canção-melodia, a tua pele é a sílaba perdida da canção-melodia.

A tua pele é a paisagem longínqua das noites de Luanda, é o cheiro a terra queimada e

Não reclamada,

A tua pele é o caderno secreto do poeta,

Do poeta que escreve na tua pele,

Que é feita de lâminas de luz.

 

A tua pele aquece-me como me aquece esta lareira, que nunca tem sono, que não tem sonhos, e que come os sonhos,

De escrever na tua pele.

A tua pele é pauta musical, é tela suspensa numa parede invisível, numa parede sofrida, sem janela para o mar.

A tua pele é o luar,

A tua pele são as estrelas da noite

E que nunca dormem,

E que até parecem imortais.

 

A tua pele é perfumada, veste-se a rigor, sai à rua e vai às compras, a tua pele finge, finge que não me vê, finge que não sabe ler, de ler as palavras que escrevo nela.

A tua pele é silêncio, é equação sem solução, a tua pele

(sei lá eu, sei lá eu)

De que é feita a tua pele além de lâminas de luz,

 

E de pétalas em sorriso.

 

 

27/11/2023

Sonhos dos sonhos em lareira

 

O que interessam os sonhos, quando não passam de pedacinhos de papel e ardem na lareira,

O que são os sonhos?

Tive-os, e não realizei nenhum; se eu quiser ser imortal basta-me sonhar que sou mortal, e serei imortal.

 

Sonhos!

Desvairos e manias, projectos e mais projectos, que nunca saem do papel.

Sonhos, pedaços de papel que ardem nesta lareira, pedaços de papel que fui coleccionando ao longo dos anos, e tal como o manuscrito de Gogol, “Almas mortas”, também os

Meus sonhos ardem na lareira.

 

Sonhos!

Pigmentos de luz no meu olhar, o cansaço de estar vivo não querendo morrer, escrever parvoíces numa folha em papel, depois,

A lareira dos sonhos tudo consome,

Parece um drogado a comer heroína,

E a vomitar

Os sonhos.

 

Sonhos!

Quando caminho junto à ladeira, quando puxo de um cigarro, quando acendo o cigarro, quando a lareira

Come-te todos os sonhos,

Come-te a carne, come-te os ossos,

E ficas pobre

Ficas prisioneiro de uma nuvem,

E ficas suspenso em ti,

E ficas perdido em mim,

A noite, quando me traz os teus olhos…

 

E a vomitar

Sonhos.

 

 

27/11/2023

Flor do teu cabelo

 

Flor em teu cabelo, do teu loiro cabelo adormecido, paisagem que me abraça quando a desgraça,

Me invade,

Flor em teu cabelo, do teu cabelo loiro flor,

Nas minhas mãos indefinidas,

Na promessa de um beijo,

Na flor do teu cabelo.

 

27/11/2023

 

Caros leitores, passamos as 120.000 visitas. A todos, obrigado.


Dragão

 

Visita-me o dragão da noite e traz com ele os teus olhos,

São dois pedaços de fogo, horário em rotação quando dentro deste cubo de vidro, onde habito, acordam os teus lábios,

Dou-te beijos,

E desenho palavras no teu cabelo.

 

Às vezes, odeio o dragão da noite.

Às vezes, amo o dragão da noite, como te amo, serpente da manhã. É tão triste, saber que no meu jardim há falsas flores, com falsas cores,

Às vezes, peço ao dragão da noite que me traga também o silêncio e as espadadas do general, espetava-as no peito,

E voava para os teus braços.

 

Habito nesta vida de engano, de tristeza, onde durante a noite recebo a visita do dragão, onde durante a noite, sentado numa cadeira, olho o relógio que alguém que já cá não está esqueceu na parede da sala,

E deixo de contar as horas;

Apenas os teus olhos são estrelas.

 

Visita-me o dragão da noite e, com ele, vêm as canforas ribeiras do outro lado da rua, uma menina espera o autocarro, tem saia azul e camisa com falsas flores, aperta o cabelo com um fino fio de silêncio, e parece feliz, e atá parece que tem os teus olhos no rosto…

 

Da cor do fogo, meu amor!

 

 

27/11/2023

domingo, 26 de novembro de 2023

O sono

 

Não consigo matar o sono, o sono não morre, disparo uma bala contra ele, e ele, feliz, ao outro dia, depois da tarde se esconder na tua mão.

Tento outras maneiras e feitios de o matar, mas o gajo é teimoso, mas o gajo não morre,

Parece o tempo.

Parece a chuva, parece a lezíria perdidamente de sono, depois de o vento trazer as ancoradas cinzas do meu corpo,

Os sonhos,

Dos sonhos que sonho, nos sonhos de sonhar.

 

Não consigo matar o sono, não consigo matar este barco que habita dentro de mim, não consigo matar o sono, mesmo que às vezes ele se finja de uma outra coisa e entra em mim como se fosse uma lança…

Tristes, são os teus olhos depois da chuva.

 

Do outro lado da rua, a minha rua, deste lado da rua, nada,

Pensando bem, o sono é imortal, e nunca será um cadáver,

A não ser,

A não ser que o sono tenha sentimentos, como eu, a não ser que o sono tenha manias, como eu, a não ser…

Que este chocolate que como termine, que estes cigarros que fumo, morram nas minhas mãos, e que esta lareira cesse de me amar,

Não morre o sono, mas morro eu,

De sono.

 

Não consigo matar o sono. Que chatice.

Não consigo encomendar um simples livro, porque me apetece e às vezes não me apetece, quando me apetece ouvir-te e pego no tablet…

E embrulho-me nos teus olhos.

 

E embrulho-me nas tuas sílabas.

 

 

26/11/2023

Odeio-me, mas preciso deste corpo para escrever,

 

Odeio-me, mas preciso deste corpo para escrever, odeio-me, mas preciso deste corpo para desenhar, odeio-me,

Mas preciso de mim, para viver.

 

Odeio esta lareira, mas preciso dela para me aquecer,

Odeio as minhas mãos,

Mas preciso delas,

Para acariciar o teu cabelo.

 

Odeio a geada, mas preciso dela para pensar, enquanto fumo cachimbo e caminho…, e penso, que preciso do meu corpo, mesmo odiando-o,

Odeio-me, mas preciso deste corpo para brincar junto ao mar, preciso deste corpo para te amar,

Mesmo me odiando,

Preciso deste corpo para ser,

Para sonhar,

Para cantar a canção do te odeio…

 

Odeio este corpo enquanto como chocolate, e gosto tanto de chocolate, enquanto me aqueço, enquanto penso que este corpo nunca me pertenceu, no entanto, tenho-o e odeio-o, odeio este corpo e mesmo assim, tenho-o de transportar, e vou ter de o odiar.

 

Odeio os livros da minha biblioteca e, no entanto, amo todos os livros da minha biblioteca,

Odeio este corpo, com chocolate, sem chocolate, de manhã, ao acordar, à noitinha, quando dispo este corpo de penduro-o no cabide até ao outro dia,

Odeio este corpo, quando dorme, quando está acordado, quando está luar ou quando está a chover,

Odeio-me, mas preciso deste corpo para escrever, odeio-me, mas preciso deste corpo para desenhar, preciso deste corpo,

Preciso deste corpo para te amar.

 

Mas preciso de mim, para viver.

 

 

26/11/2023