Aquela
janela chama-me para olhar a rua
E
o que posso eu, ver na rua, de interessante
Transeuntes
Carros
Cães
e gatos vadios
Vadios
Vida
de lordes
Vida
boa
Como
eu queria ser
Vadio
Andar
por aí
E
ser gato
Ou
por aqui
Pertinho
de ti
Junto
ao céu
Aquela
janela, aquela janela parva
Que
não serve para nada
A
não ser
Proibir-me
de olhar a rua
Proibir-me
de te olhar
Hoje,
aquela janela, quer que eu olhe a rua
E
pergunto-me porquê a rua
Porque
não o jardim
Porque
não o Anjo
Porque
Não
Aqui
pertenço antes de levantar voo e partir em direcção ao infinito, imagina-me, de
braços cruzados, de calções,
A
viajar para o infinito
E
do infinito
Podia
enviar-te um beijo
Aqui
Pertenço
A
esta janela
Sem
vista para o mar
Sem
elevador
Sem
condomínio
Uma
janela inconsciente, embriagada quando regressa a noite, depois
Aterra
no pavimento motorizado
E
morre
De
alegria
De
chorar
Quando
o navio zarpa
E
nos lençóis do mar
As
pirâmides do Egipto
O
senhor
E
Gizé fica do outro lado da rua
Segundo
esquerdo
Lisboa
Durmo
nos teus braços
Procuro
a tua boca no cacimbo da tarde, encerro a janela, corro o cortinado
E
ela dorme
E
eu, sossegadamente, escrevo o poema amar, no teu
Corpo
30/11/2023
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