domingo, 26 de novembro de 2023

Odeio-me, mas preciso deste corpo para escrever,

 

Odeio-me, mas preciso deste corpo para escrever, odeio-me, mas preciso deste corpo para desenhar, odeio-me,

Mas preciso de mim, para viver.

 

Odeio esta lareira, mas preciso dela para me aquecer,

Odeio as minhas mãos,

Mas preciso delas,

Para acariciar o teu cabelo.

 

Odeio a geada, mas preciso dela para pensar, enquanto fumo cachimbo e caminho…, e penso, que preciso do meu corpo, mesmo odiando-o,

Odeio-me, mas preciso deste corpo para brincar junto ao mar, preciso deste corpo para te amar,

Mesmo me odiando,

Preciso deste corpo para ser,

Para sonhar,

Para cantar a canção do te odeio…

 

Odeio este corpo enquanto como chocolate, e gosto tanto de chocolate, enquanto me aqueço, enquanto penso que este corpo nunca me pertenceu, no entanto, tenho-o e odeio-o, odeio este corpo e mesmo assim, tenho-o de transportar, e vou ter de o odiar.

 

Odeio os livros da minha biblioteca e, no entanto, amo todos os livros da minha biblioteca,

Odeio este corpo, com chocolate, sem chocolate, de manhã, ao acordar, à noitinha, quando dispo este corpo de penduro-o no cabide até ao outro dia,

Odeio este corpo, quando dorme, quando está acordado, quando está luar ou quando está a chover,

Odeio-me, mas preciso deste corpo para escrever, odeio-me, mas preciso deste corpo para desenhar, preciso deste corpo,

Preciso deste corpo para te amar.

 

Mas preciso de mim, para viver.

 

 

26/11/2023

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