O
invisível sono nas pálpebras tua dor, os beijos inventados pelos teus lábios
nas gélidas noites de Inverno, o latido de um cão, solitário, na rua das
traseiras, os teus lençóis suspensos na madrugada, enquanto nas minhas mãos
crescem pedacinhos de esperança, serei capaz de cuidar de ti?
A
serpente da dor…
As
lágrimas envenenadas do teu sangue, as límpidas madrugadas sem destino
camuflada pelo sofrimento, os ossos rangem, o cabelo voa em direcção ao mar, e
longos silêncios de pequenos muros de xisto nos separam, o dia, a longínqua noite,
a claridade das sombras dispersas no teu corpo,
Serei
capaz? As nuvens desencontradas nas frestas do cansaço, as pequeninas sílabas
de dor comestíveis nas nocturnas avenidas do sonho, e o maldito sono embriagado
saltitando de casa em casa, e tu, e tu aconchegada ao meu ombro, sempre
sonâmbula, e embrulhada num cobertor de medo…
Francisco
Luís Fontinha
Alijó,
30 de Setembro de 2017
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