Os
pássaros, mãe…
Poisados
no teu frágil cabelo, vomitando vozes nas tuas mãos enquanto lá fora o Outono
se veraneia junto aos Plátanos da saudade,
Os
sons melódicos dos teus ossos quando a madrugada não acorda, por preguiça, por
nada… ou por tudo,
O
sono, o sono que te alimenta e te transforma em esqueleto desempregado, lutando
contra a dor, e o sofrimento…
Os
pássaros, mãe…
Junto
ao rio esperando a tua sombra, e os teus beijos,
Os
pássaros desesperados, os pássaros envenenados de químicos complexos alvorando
as tuas veias… e nada nem ninguém a brincar na eira,
Os
pássaros, mãe…
Descendo
os socalcos, dando curvas infinitas num cadeirão estático, morto, uniformemente
acelerado, o seno, o co-seno alicerçado aos teus pulsos de verniz… como as
serpentes do anoitecer,
Como
eu odeio os teus pássaros, mãe…
Francisco
Luís Fontinha
Alijó,
24 de Setembro de 2017
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