terça-feira, 21 de julho de 2015

Fingida alegria


A velha estrada em direcção à morte,

Os plátanos das tuas pálpebras,

Cansados,

Tristes,

Revoltados de tanta geada

E tempestades de noite,

Inventas o sono

Nas paredes escuras do sofrimento,

Dormes,

Habitas neste cubículo como se fosses uma sombra envenenada pelo silêncio,

Lá fora,

Pássaros à tua espera,

E da velha estrada

Chegam a ti os Oceanos de prata

Que ofuscam o teu olhar,

Um soldado perde-se nas margens do Tejo,

O caderno acorrentado à mão

Vagueia sobre os cinzentos espelhos da dor,

E todas as palavras voam sobre os esqueletos de papel

Que brincam no teu peito,

A janela do teu quarto encerrada,

A porta dos vinhedos descendo o Douro,

Também ela…

Encerrada,

Não há um número nos seus braços,

Incógnitas manhãs sobre um lençol de linho,

As flores queixam-se da tua alegria,

Cessou,

Como cessaram as pontes para a outra margem…

 

Francisco Luís Fontinha – Alijó

Terça-feira, 21 de Julho de 2015

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